Emílio e Marcelo Odebrecht, pai e filho que comandaram a maior empreiteira do país, têm travado uma guerra nos tribunais. Em meio às acusações dos dois lados, surgiu uma denúncia grave. Segundo Marcelo, o patriarca da família manipulou informações de um acordo de leniência da empresa com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ). O objetivo disso, de acordo com o empresário, seria o de “evitar que executivos relacionados a Emilio Odebrecht, que conduziam as negociações, tivessem seus prováveis ilícitos revelados por investigações independentes das autoridades norte-americanas”.
No fim de 2016, a Odebrecht, acossada pela Operação Lava-Jato, decidiu colaborar com as autoridades do Brasil, dos Estados Unidos e da Suíça. Com isso, assinou dois importantes acordos, com a Procuradoria-Geral da República e com o DoJ, em que confessou ter movimentado mais de 10 bilhões de reais em propinas, subornando autoridades de 12 países diferentes. Naquela época, a empreiteira reconheceu que pagou vantagens indevidas em troca de contratos públicos de obras de infraestrutura na América Latina e na África.
ASSINE VEJA
Clique e AssineSegundo Marcelo, durante as negociações desse acordo internacional, Emílio teria omitido “fatos e provas” que seriam do “interesse de autoridades brasileiras e norte-americanas”. Entre as evidências destacadas pelo empresário, estão bônus pagos pelo patriarca na Suíça e que não foram declarados aos investigadores. Para corrigir isso, Marcelo diz que apresentou no fim do ano passado ao Ministério Público Federal uma declaração em que detalha fatos que teriam sido ocultados por seu pai. Além disso, nos últimos meses, o empresário vem municiando a área de investigação interna da Odebrecht com acusações contra executivos aliados de Emílio.
A Odebrecht, presidida atualmente por um fiel escudeiro do patriarca da família, rebate as acusações de Marcelo – e diz que o empresário tem feito ameaças contra a companhia para conseguir mais dinheiro. De acordo com a empreiteira, o delator seria o grande responsável por um “multimilionário esquema de corrupção que hoje tem como seu principal resultado a crise financeira e a recuperação judicial de empresas do grupo”.