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Lula afirma que Dallagnol é ‘moleque’ e fica ‘sentado na Bíblia’

Em evento do PT, ex-presidente ataca procurador da República que coordena a Lava Jato e que o acusou de ser ‘comandante máximo’ de organização criminosa

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 18h18 - Publicado em 24 mar 2017, 20h11
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  • Réu em cinco processos, três deles provenientes da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o procurador da República Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa que investiga o esquema de corrupção na Petrobras, de “moleque”. E acrescentou que o procurador, que é fiel da Igreja Batista, acha que “sentar em cima da Bíblia dele” é a solução dos problemas do país.

    “Fomos criados para mudar a história deste país e para agir corretamente. Quem comete erro paga pelo erro que cometeu. A instituição é muito forte. E aquele Dallagnol sugerir que o PT foi criado para ser uma organização criminosa… O que aquele moleque conhece de política? Ele nem sabe como se monta um governo. Não tem a menor noção. Ele acha que sentar em cima da Bíblia dele dá a solução de tudo”, disse Lula.

    As declarações foram feitas durante o seminário “O que a Lava Jato tem feito pelo Brasil”, promovido pelo PT, em São Paulo. Com a voz fraca e abatido por uma virose, Lula falou menos de dez minutos e chegou a chorar ao dizer que fez um esforço para comparecer ao evento apenas para dar uma satisfação aos mais de 200 convidados que lotaram o auditório de um hotel. Além de dirigentes petistas, o seminário contou com a presença de juristas, jornalistas, sindicalistas e políticos de outros partidos.

    As críticas de Lula a Dallagnol cresceram depois que, em setembro do ano passado, o procurador deu uma entrevista coletiva na qual disse que o petista era o “comandante máximo” da organização criminosa que promoveu desvios na Petrobras. Para exemplificar como o petista era o centro do esquema, ele usou uma apresentação em Powerpoint, que tinha o nome de Lula ao centro, cercado por irregularidades cometidas na administração pública e na Petrobras na sua gestão.

    A entrevista, transmitida ao vivo por emissoras de TV, tinha por objetivo apresentar denúncia contra o petista no caso do triplex do Guarujá, que a Procuradoria entende ser um presente da construtora OAS ao ex-presidente com dinheiro desviado da estatal. Apesar de ter acusado Lula de ser chefe de uma organização criminosa, Dallagnol não denunciou o ex-presidente por isso, mas por corrupção e lavagem de dinheiro. Lula se incomodou com a afirmação e foi à Justiça contra Dallagnol, pedindo R$ 1 milhão de indenização por danos morais.

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    Deltan Dallagnol
    O procurador da República Deltan Dallagnol, com apresentação em Powerpoint com Lula ao centro de várias irregularidades na Petrobras (Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Folhapress)

    Na defesa de Dallagnol, a Advocacia-Geral da União, que defende Dallagnol no caso, disse que o procurador é vítima de “retaliações indevidas” por parte do ex-presidente e que esse tipo de ataque pode comprometer “a independência e o funcionamento adequado do Ministério Público”.

    Nesta sexta-feira, Dallagnol não respondeu à fala de Lula. Quando foi processado, ele afirmou que “é natural que pessoas investigadas reajam”. “E quando essas pessoas são poderosas econômica e politicamente, as reações tomam vulto. Não nos surpreendemos, encaramos com naturalidade”, disse à época.

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    Excessos

    Os participantes do seminário do PT defenderam as investigações da Lava Jato, mas destacaram os supostos abusos da força-tarefa. Lula desafiou os procuradores a apontarem quais crimes ele cometeu. “Estou na expectativa para saber qual é o crime que será imputado a mim. Vou nessa briga até o fim. Não tenho negociata. Eles vão ter que provar”, disse o ex-presidente.

    (Com Estadão Conteúdo)

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