O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo afirmou nesta terça-feira que “lamenta” o conteúdo dos diálogos dos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud, mas prefere não comentar as afirmações dos delatores. Principal articulador do governo da ex-presidente Dilma Rousseff no Judiciário, Cardozo é citado nos áudios como um alvo potencial das gravações que os delatores estavam produzindo para ofertar à Procuradoria Geral da República. O plano de Joesley Batista era usar informações comprometedoras de Cardozo para convencê-lo a gravar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que estariam sob a sua suposta influência.
“Lamento muito todos esses fatos absurdos, mas não vou me pronunciar sobre isso”, disse Cardozo a VEJA.
Nos áudios entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, os delatores Joesley Batista e Ricardo Saud falam abertamente das supostas relações do ex-ministro da Justiça na Corte. Segundo Joesley, Cardozo era um dos alvos das gravações da delação premiada por supostamente manter sob sua influência alguns ministros do Supremo.
No diálogo, obtido por VEJA com exclusividade, Joesley e o executivo Ricardo Saud conversam sobre uma advogada que estaria preocupada com a possibilidade de os delatores comprometerem o ex-ministro da Justiça nas investigações: “(A advogada) Surtou por causa do Zé e porque sabe que se nós entregar o Zé, nós entrega o Supremo… Eu falei pro, eu falei pro Marcelo (Miller, ex-procurador da PGR), cê quer pegar o Supremo? Quer? Pega o Zé. Guarda o Zé, o Zé entrega o Supremo”, diz Joesley.
Diante da análise de Joesley, o executivo Ricardo Saud afirma que o ex-ministro José Eduardo Cardozo não resistiria às supostas revelações dos delatores, no que Joesley complementa: “Não, que isso… (O Zé) Não aguenta meia-hora”, diz Joesley.