‘Que a justiça seja feita’, diz pai de Henry Borel antes de audiência
Leniel Borel é uma das testemunhas a serem ouvidas nesta quarta pela Justiça do Rio; ex-vereador Dr. Jairinho e Monique Medeiros são acusados pelo homicídio
A Justiça do Rio de Janeiro realiza na manhã desta quarta-feira, 6, a primeira audiência para ouvir as testemunhas de acusação do processo sobre a morte do menino Henry Borel, de 4 anos. O ex-vereador da capital Jairo Santos Santos Júnior, o Doutor Jairinho, e Monique Medeiros da Costa e Silva, a mãe de Henry, são acusados pela morte da criança na madrugada de 8 de março. Eles respondem por homicídio triplamente qualificado, tortura e coação de testemunhas. Monique está presente no tribunal e Jairinho acompanhará a audiência por videoconferência.
Uma das testemunhas a serem ouvidas é Leniel Borel de Almeida Junior, pai de Henry. “Espero que a justiça seja feita. E que aqueles dois monstros (Jairinho e Monique) saiam daqui punidos. Meu depoimento tem muito o que acrescentar. Espero, agora, que as testemunhas apareçam para esclarecerem a verdade. Estou aqui buscando saber o que aconteceu com meu filho entre as 19h30 daquele domingo, dia 7, quando eu entrego o meu filho bem, até as 3h50, do dia 8, quando meu filho sai morto daquele apartamento”, afirmou Leniel ao chegar no Tribunal do Júri.
O laudo da necropsia apontou 23 lesões por ação violenta no corpo de Henry. O garoto chegou morto ao hospital. O casal está preso desde abril deste ano. Para justificar os ferimentos em Henry, Jairinho e Monique disseram à polícia que o menino sofreu uma queda. No entanto, os peritos descartaram essa hipótese. Mensagens de celular indicaram que Henry era submetido a uma rotina de agressões pelo padrasto, com conivência de Monique. Segundo as investigações, a mãe da criança havia sido avisada pela babá Thayná de Oliveira Ferreira sobre o comportamento de Jairinho.
Henry passou o fim de semana anterior à sua morte com o pai, Leniel Borel de Almeida Junior, que o deixou no condomínio da mãe e do ex-vereador na noite do dia 7 de março, véspera da morte, sem lesões aparentes. Na mesma madrugada, Monique e Jairinho levaram o garoto às pressas para o hospital. A juíza Elizabeth Machado Louro, da 2ª Vara Criminal do Rio, determinou que, em virtude da quantidade, as testemunhas de defesa arroladas na denúncia do Ministério Público, serão ouvidas em outra data, após o encerramento da prova de acusação.
As testemunhas de acusação são:
Edson Henrique Damasceno (delegado titular da 16ª DP, na Barra da Tijuca)
Ana Carolina Lemos Medeiros (delegada-assistente)
Leniel Borel de Almeida Junior (pai de Henry)
Thayná de Oliveira Ferreira (babá)
Leila Rosângela de Souza (empregada)
Ana Carolina Ferreira Netto (ex-mulher de Jairinho)
Maria Cristina de Souza Azevedo (médica)
Viviane dos Santos Rosa (pediatra)
Fabiana Barreto Goulart (médica)
Tereza Cristina dos Santos (manicure que atendeu Monique)
Pablo dos Santos Meneses (diretor do hospital)
Rodrigo dos Santos Melo (investigador do caso)
Quatro testemunhas de acusação fundamentais no caso não foram localizadas pela Justiça. A médica Maria Cristina Souza Azevedo e a pediatra Viviane dos Santos Rosa, profissionais que fizeram o atendimento inicial de Henry no Hospital Barra D’Or, além da babá Thayná Oliveira e da manicure Tereza Cristina dos Santos. Tereza trabalhava no salão de beleza em que Monique Medeiros estava no dia em que Henry sofreu as agressões de Jairinho. Tereza presenciou a ligação por chamada de vídeo entre Monique e a babá, bem como quando Henry dialoga relatando que Jairinho o havia machucado.
A ex-mulher de Jairinho, Ana Carolina Ferreira Netto, que confirmou o histórico de violência doméstica do ex-vereador, inicialmente, também não foi localizada. Nesta terça-feira, 5, a Justiça negou um habeas corpus para Ana Carolina não depor na audiência de hoje. O promotor Fábio Vieira do Santos, responsável pela acusação, afirmou que o depoimento das testemunhas é obrigatório e que se elas não forem localizadas agora poderá ser marcada uma nova audiência.
Na última segunda-feira, 4, a Justiça fluminense determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Jairinho e de Monique Medeiros. A juíza Elizabeth Machado Louro, da 2ª Vara Criminal, reconsiderou a decisão do juiz Daniel Werneck Cotta, que tinha negado a quebra de sigilo dos acusados no começo de agosto.