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Joesley não quis tratar de dinheiro com irmã de Aécio, diz Saud

Segundo executivo, Joesley 'tomou um susto' ao encontrar Andrea Neves para acertar repasse milionário. 'Nós nunca tivemos assunto com ela, véio”, diz Saud.

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 out 2017, 19h54 - Publicado em 6 out 2017, 17h32
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  • Em uma nova leva de áudios a que VEJA teve acesso, o executivo da J&F Ricardo Saud conversa com Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred, primo do senador afastado Aécio Neves sobre o pedido de dinheiro que o próprio senador havia feito ao empresário Joesley Batista. Saud diz que chamou Fred para conversar porque Joesley “ficou sem jeito” de tratar das questões com Andrea Neves, a irmã do senador. Segundo Saud, Aécio teria dito a Joesley que enviaria uma pessoa de sua confiança para tratar do pedido de dinheiro, só não avisou que seria a própria irmã. Segundo Saud, como Joesley nunca havia tratado de assuntos dessa natureza com Andrea, o empresário “tomou um susto”.

    “A Andrea esteve com o joesley. Ele tomou um susto. O Aécio manda a Andréia aqui falar do assunto que veio falar? Aí como é que vamos fazer? o Joesley falou: ‘Ué, moça, quem que é ocê? Ah, ocê que é a Andrea? A que faz tudo, a famosa, a braba? Aí ela falou: ‘O Aécio conversou com você?’. Mas aí ele ficou sem jeito, ué. Nós nunca tivemos assunto com ela, véio. Como é que o Aécio manda ela vim cá? Por isso eu te chamei”, diz Saud.

    Aécio Neves foi gravado em março pelo próprio Joesley Batista. Na conversa, o tucano pede 2 milhões de reais ao empresário alegando que precisava do dinheiro para pagar os advogados que atuavam em sua defesa na Operação Lava Jato. Na conversa gravada, Joesley e Aécio negociam de que forma seria feita a entrega do dinheiro. O empresário teria dito que se o senador recebesse pessoalmente o dinheiro, ele mesmo, Joesley, faria a entrega. E, se Aécio mandasse um preposto, o empresário faria o mesmo. Foi quando o senador disse a seguinte frase: “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do c…”.

    Ex-diretor da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Fred foi um dos coordenadores da campanha de Aécio Neves à Presidência em 2014. Ele foi destacado por Aécio para receber o dinheiro das mãos de Saud. No áudio, Fred diz que tem “dois assuntos” a tratar com o diretor da J&F: o pagamento dos 2 milhões de reais e a venda de um imóvel da família de Aécio no Rio de Janeiro para Joesley, que, segundo Saud, seria comprado por Joesley apenas “para ajudar” Aécio.

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    Na delação, Joesley Batista narrou o encontro que teve com a irmã de Aécio: “O dia que a Andrea me procurou, ele [Aécio] me pediu esses 2 milhões e falou que precisava de outros 40 milhões. E que os 40 milhões a mãe dela tinha um apartamento no Rio de Janeiro e se eu não queria comprar esse apartamento… E parece que o apartamento existe. Eu não sei se vale os 40 milhões. Mas aí eu nem fui lá, nem nada”, disse Joesley.

    A defesa do senador afastado Aécio Neves enviou nota dizendo que as gravações produzidas pelos delatores da J&F “foram induzidas e manipuladas com o objetivo de produzir aparências de provas que justificassem seus acordos de delação premiada”. A nota afirma ainda que outra gravação de uma conversa telefônica entre Andrea Neves e o próprio Joesley “comprova que os delatores mentiram” e que ela procurou Joesley “exclusivamente para tratar da venda de um apartamento da família”.

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