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Joesley diz que Lula pediu ajuda para o MST

Empresário contou ao deputado Rocha Loures que ex-presidente pediu que recebesse João Pedro Stédile, líder dos sem-terra, mas negou amizade com petista

Por Da Redação
21 Maio 2017, 16h23
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  • Em uma conversa com o deputado Rocha Loures (PMDB-PR), entregue à Justiça como parte de seu acordo de delação premiada, o empresário Joesley Batista, do grupo JBS, discorre sobre a atual situação de sua relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele conta que sua última conversa presencial com o petista ocorreu no final de 2016, mas que havia recebido uma ligação do ex-presidente com um pedido de ajuda ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

    “Ele me ligou esses dias, pediu pra mim [sic] atender os sem terra. Eu digo: ‘Ô presidente’ (risos), ele ‘Joesley, eu tô aqui com o (João Pedro) Stédile, não sei o que ele precisa falar com você’. ‘Tá bom presidente, manda ele vir aqui. Eu atendo ele, tá bom?'”, relatou o empresário ao deputado, se referindo ao líder do MST.

    A conversa foi gravada pelo próprio Joesley, já com as negociações de colaboração com a Procuradoria-Geral da República (PGR) em andamento. O áudio, com uma hora e catorze minutos de duração, foi anexado aos autos da Operação Patmos, que mira Loures, o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

    O encontro do delator com o deputado Rocha Loures – afastado do exercício do mandato por decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) – ocorreu em 13 de março, menos de uma semana depois do executivo da JBS ter gravado uma outra conversa, com o próprio presidente Temer. Na ocasião, o sócio do grupo JBS recebeu o parlamentar em sua residência, no Jardim Europa, bairro nobre da zona oeste de São Paulo.

    Em seu depoimento, Joesley Batista diz que Rocha Loures foi indicado pelo presidente da República como uma pessoa de sua ‘estrita confiança’ para ajudá-lo em seus negócios. Semanas depois, o deputado foi filmado pela Polícia Federal pegando uma mochila com 500 mil reais em dinheiro vivo, também na capital paulista.

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    Relação com Lula

    Aos procuradores da Operação Lava Jato, Joesley Batista contou que abriu uma “conta corrente” de 80 milhões de dólares no exterior para atender ao ex-presidente. Ele nega, no entanto, que tenha amizade com o petista. “Sobre o Lula, eu acho assim, primeiro, que eu não tenho amizade com ele igual o povo acha que eu tenho. Eu conheci o Lula tem dois anos atrás, fim de 2013”, contou.

    O deputado comenta com o empresário também ter ‘boa relação’ com o petista. “Sempre me dei bem com ele, sempre fui não-ideológico, mas prático. Agora, me parece que muito desse movimento (investigações da Lava Jato) é para alcançá-lo, né Joesley, a ele e ao entorno”, disse o deputado. Ambos concordaram que a única saída que resta ao ex-presidente é “enfrentar” a Operação Lava Jato.

    Curiosamente, foi nesse período em que disse ter conhecido Lula pessoalmente que ganhou força o boato nas redes sociais de que um dos filhos do ex-presidente, Fabio Luis Lula da Silva, fosse um sócio oculto da Friboi, marca de frigorífico do grupo JBS. Ele e os irmãos que são sócios da empresa sempre trataram os rumores com ironia.

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    Ao Ministério Público Federal (MPF), o empresário disse que abriu duas “contas correntes” de propina no exterior que seriam vinculadas a Lula e à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), para pagamento de campanhas eleitorais. O saldo em ambas chegou a 150 milhões de dólares, segundo o delator. Esses recursos, afirmou o empresário, eram operados pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.

    Defesas

    A defesa do ex-presidente Lula afirma que “verifica-se nos próprios trechos vazados à imprensa que as afirmações de Joesley Batista em relação a Lula não decorrem de qualquer contato com o ex-presidente, mas sim de supostos diálogos com terceiros, que sequer foram comprovados”. “A referência ao nome de Lula nesse cenário confirma denúncia já feita pela imprensa de que delações premiadas somente são aceitas pelo Ministério Público se fizerem referência – ainda que frivolamente – ao nome do ex-presidente”, completa.

    A assessoria de imprensa da ex-presidente Dilma Rousseff defende que são “improcedentes e inverídicas as afirmações do empresário”. Segundo a nota, a petista jamais tratou de “doações, pagamentos ou financiamentos ilegais”, nem teve “contas no exterior”. E conclui, dizendo que “mais uma vez, Dilma Rousseff rejeita delações sem provas ou indícios”.

    (Com Estadão Conteúdo)

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