Aos 41 anos de idade, o agente em indigenismo Bruno da Cunha Araújo Pereira, desaparecido no Vale do Javari junto com um jornalista britânico, tornou-se um dos homens mais odiados pelos garimpeiros que extraem ouro dos rios da Amazônia e poluem as nascentes na região. Entre 2014 e 2020, Bruno fez mais de cinquenta viagens pela Funai, sendo doze delas para o município de Atalaia do Norte (AM), região onde desapareceu no último domingo.
Em setembro de 2019, como coordenador-geral de índios isolados e recém-contatados da Funai, Bruno ajudou a elaborar um plano conjunto com a Polícia Federal para destruir balsas ilegais de garimpeiros que exploravam minérios em áreas próximas a índios isolados na Terra Indígena Vale do Javari, Amazônia.
A Operação Korubo, como ficou conhecida a ação para atingir a infraestrutura dos garimpeiros, destruiu sessenta balsas flagradas na prática de garimpo ilegal. Após a operação, o Ministério Público Federal instaurou procedimento para identificar e punir os garimpeiros e alertou sobre a necessidade de um monitoramento constante na região.
Um mês depois da operação, em 4 de outubro de 2019, Bruno foi exonerado da função de coordenador-geral de índios isolados.
Em março de 2020, o funcionário da Funai fundou uma empresa de consultoria, a Bruno Pereira Consultorias Socioambientais, cuja sede está registrada no endereço onde ele morou em Brasília. De acordo com a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Unijava), o servidor vinha recebendo ameaças anônimas.
A foto do perfil de Bruno no WhatsApp (abaixo) é um registro aéreo da Amazônia ao entardecer, em meio a uma floresta escura, coberta de nuvens carregadas, na mesma região onde as equipes de busca agora tentam encontrá-lo.