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Incêndio no CT: colunista carioca é processada por dirigentes do Flamengo

Depois de cobrar Justiça e falar em "diretoria churrasqueira" no Twitter, Hildegard Angel é acusada de crime de difamação por dois vice-presidentes do clube

Por Sofia Cerqueira Atualizado em 29 dez 2021, 17h13 - Publicado em 29 dez 2021, 12h39
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  • Após cobrar nas redes sociais por Justiça e criticar a posição do Clube de Regatas do Flamengo diante da tragédia do Ninho do Urubu, a jornalista e colunista carioca Hildegard Angel virou alvo de dois processos por suposto crime de difamação. As ações movidas por dois membros do conselho diretor do clube, que tramitam na 16ª e 43ª varas criminais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, foram motivadas por uma postagem feita pela jornalista em sua conta no Twitter, em 6 de junho de 2021, com o título “Carne assada rubro-negra”. O incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo, na Zona Oeste carioca, ocorrido há quase três anos – 8 de fevereiro de 2019 –, resultou na morte de dez jovens atletas e deixou outros três gravemente feridos, todos entre 14 e 17 anos.

    Os dois processos idênticos, tendo um deles como autor o vice-presidente de Secretaria do Flamengo, Paulo César dos Santos Pereira Filho, e o outro o vice-presidente de Tecnologia da Informação, Alexandre de Souza Pinto, descrevem, em detalhes, o post da jornalista. Nele, Hildegard, que é torcedora do Flamengo, conforme um tweet anexado aos autos, escreveu que o “clube matou 10 garotos assados dentro de um container, ninguém foi preso e agem como se nada tivesse acontecido. A impunidade nossa de cada dia”.

    Em suas petições, os dois vice-presidentes do clube, embora não tenham sido citados nos processos específicos sobre o incêndio no CT, alegam que, como membros da diretoria do clube, se sentiram ofendidos pela postagem da colunista. O documento diz que ao chamar o comando do clube, do qual eles fazem parte, de “diretoria churrasqueira”, foram difamados. Na ação movida por Pereira Filho, que está na 16ª Vara Criminal do TJ-RJ, foi marcada uma audiência de conciliação entre as partes para 3 de maio de 2022. Tanto nesse processo quanto no outro, que corre na 43ª Vara Criminal, os membros da direção do Flamengo pedem indenização por dano moral, mas não há sugestão de valores.

    O incêndio no Ninho do Urubu, como é conhecido o Centro de Treinamento do Flamengo, ocorreu no início da manhã do dia 8 de fevereiro de 2019, enquanto os jovens das categorias de base ainda dormiam em alojamentos montados em contêineres. A tragédia só não foi maior porque era um mês de férias dos atletas. De acordo com as investigações, o fogo foi provocado por um curto-circuito no ar-condicionado em um dos quartos.

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    Em março deste ano, a Justiça carioca acatou a denúncia do Ministério Público e abriu ação penal contra 11 pessoas pelo incêndio no CT do Flamengo. Em maio passado, três deles foram inocentados – entre eles um engenheiro que não tinha qualquer ingerência dentro da estrutura do clube na ocasião da tragédia e um diretor de base que já havia deixado a função. Entre os réus continuam o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello; Márcio Garotti, ex-diretor financeiro, e Marcelo Sá, engenheiro do clube.

    Hildegard Angel é colunista social há mais de 40 anos, tendo atuado no Jornal do Brasil e no O Globo. Hoje tem seu próprio blog, no qual escreve sobre sociedade carioca e política nacional. A jornalista é irmã de Stuart Angel, atleta de remo do Flamengo que foi morto pelo regime militar na base aérea do Galeão, em 1971. Ele militava no movimento MR-8 e passou a ser considerado desaparecido político. A mãe dos dois, a estilista Zuzu Angel, ficou conhecida na época da ditadura por divulgar nacional e internacionalmente o sumiço do filho.

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