A estudante Tereza Gayoso, 23 anos, conseguiu tirar nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), porém devido um erro no site do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ela foi inscrita no curso de produção de cachaça, no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, em Salinas. Tereza, no entanto, tentava uma vaga em medicina.
Ela teve conhecimento da troca de curso após receber prints de amigos com a lista de aprovados no IFNMG. “Quando vi, não acreditei. Minha conta foi hackeada e, por isso, me matricularam em um curso de produção de cachaça. É muita maldade de quem fez isso”, afirmou. A aluna, que conquistou nota mil na redação, afirma que já havia perdido as esperanças de passar em medicina e, quando tentou consultar o sistema novamente, percebeu que sua senha havia sido alterada.
Apesar de ter gabaritado a redação da prova, Tereza não conquistou média suficiente para passar em medicina, mas disse que tentará novamente no final do ano.”Estudei muito para conseguir melhorar minha nota na redação e fiquei muito feliz ao saber que tinha atingido a nota máxima. Pensei que, no máximo, atingiria 900. Fiquei surpresa mesmo não passando em medicina, continuarei tentando e já me inscrevi no cursinho novamente.”
O IFNMG reprovou a atitude dos hackers, mas afirmou que os alunos da instituição também merecem respeito, já que a atitude foi alvo de piadas nas redes. “Hackers invadiram o site do Sisu e mudaram a opção de curso feita por alguns candidatos. Uma aluna que queria medicina teve sua inscrição alterada para produção de cachaça do IFNMG-Campus Salinas. A atitude dos hackers é reprovável. Isso é óbvio. Mas tanto os alunos quanto o curso de produção de cachaça merecem respeito”, afirmaram, por meio de nota.
Segundo o Ministério da Educação, no entanto, os sistemas “não registraram, até o momento, indício de acesso indevido a informações de estudantes cadastrados, que configure incidente de segurança”. Sobre os relatos de que houve ação de hackers nas contas dos candidatos, a pasta afirma que “casos individuais que forem identificados e informados ao MEC, como suposta mudança indevida de senha e violação de dados, serão remetidos para investigação da Polícia Federal”.
“Nos dois casos citados pela imprensa, o Inep já identificou no sistema data, hora, local, operadora e IP de onde partiram as mudanças de senha. Os dados serão encaminhados para a Polícia Federal”, conclui o MEC.