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A confissão do assassino de Mayara: “Fui movido pelo ódio”

Em entrevista a VEJA, Luís Alberto Bastos Barbosa conta como matou, a golpes de martelo, a violonista e depois ateou fogo em seu corpo em um terreno baldio

Por Ullisses Campbell, de Campo Grande
Atualizado em 15 ago 2017, 09h55 - Publicado em 5 ago 2017, 08h00
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  • O baterista e técnico de informática Luís Alberto Bastos Barbosa, de 29 anos, foi preso no dia 26 de julho acusado de ter participado da morte da violonista Mayara Amaral, de 27 anos. Ela foi assassinada com três golpes de martelo na cabeça na madrugada do dia 25, em Campo Grande (MS). Em depoimento prestado no mesmo dia que foi preso, ele contou que Ronaldo da Silva Olmedo, de 30 anos, conhecido como Cachorrão, estaria na cena do crime e teria sido o autor das marteladas. Em entrevista a VEJA concedida dentro da Cadeia de Trânsito de Campo Grande, Luís Alberto resolveu assumir sozinho a autoria do assassinato. A delegada que comanda as investigações, Gabriela Stainer, já tinha indícios que ele estava sozinho na cena do crime. “O martelo pertence ao Luís, e o Cachorrão sequer aparece nas imagens das câmeras do motel”, diz a delegada. Luís também havia contado à polícia que Cachorrão e outro preso, Anderson Sanches Pereira, teriam participado de outra cena de terror: a carbonização do corpo de Mayara depois do assassinato. Na entrevista a seguir, ele desmente a informação: assume que tentou se livrar do corpo sozinho.

    Onde você conheceu a Mayara? Num bar chamado Drama, há três meses. Tocamos juntos e, primeiro, rolou uma amizade. Só depois de duas semanas nos beijamos. Tenho namorada, mas sentimos uma atração e não resistimos.

    Por que mudou a versão sobre o assassinato? Pus a culpa no Cachorrão para me livrar. Achava que se envolvesse outras pessoas, minha pena seria menor. Como ele já tinha passagem pela polícia, menti que ele fez tudo. Mas, se olharem as digitais no cabo do martelo, vão ver que são minhas. Resolvi contar toda a verdade e enfrentar o que vem pela frente. Cometi um erro grave e quero pagar por ele.

    Não pensou por um momento nas consequências? Fui movido pelo ódio porque tínhamos discutido e ela debochou da minha namorada. Chamei-a de vagabunda e ela me bateu. Tive um ataque de fúria, tinha bebido e cheirado. Depois que tudo aconteceu, chorei por mais de duas horas seguidas.

    Por que você carregava um martelo na mochila? Porque para comprar pó eu ando em umas quebradas. Uso o martelo para me proteger.

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    Como você se livrou do corpo? Primeiro, pus ela no porta-malas. Depois, voltei ao quarto para limpar o sangue. Paguei a conta de 100 reais do motel, mas faltava 20. Aí deixei a carteira de identidade dela na recepção como garantia para pagar o restante depois. Mas não voltei para pagar.

    Para onde você levou o corpo? Para a minha casa. Lá, guardei as coisas dela. Aí levei para um terreno baldio, mas não consegui enterrar porque a areia era muito fofa. Comprei álcool no posto e fui a outro terreno. Lá, ateei o álcool nela e no mato para fazer parecer que era um incêndio.

    Você fez isso sozinho? Fiz tudo sozinho. Só procurei o Ronaldo (Cachorrão) e o Anderson para me livrar do carro. Eles compraram por 1 000 reais. Essa foi a única participação que tiveram no crime.

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    Achava que ninguém descobriria o crime? Desde que me dei conta de que matei a Mayara, sempre soube que seria pego.

    Está arrependido? Estou. Queria pedir desculpas à família da Mayara e à minha. Por mais que ninguém vá acreditar, eu gostava dela. Minha vida está destruída. Eu ia me casar, estava procurando casa, dei entrada para sacar o FGTS. Agora, não sei o que será de mim. Quando fecho os olhos, vem a imagem da Mayara e o momento do crime. Não tenho religião, mas, à noite, na cela, eu grito por Deus.

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