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Empresa dirigida por filho de Crivella decreta falência

De olho na principal secretaria da cidade do Rio de Janeiro, herdeiro do prefeito não conseguiu impedir que seus próprios negócios quebrassem

Por Thiago Prado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 out 2017, 19h40 - Publicado em 6 out 2017, 11h32
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  • O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), tem planos ambiciosos para o seu filho. Ele aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal sobre nepotismo para nomeá-lo chefe da Casa Civil da administração municipal, a mais importante pasta do seu governo. Quer também alçar a candidatura do herdeiro a deputado federal no ano que vem e, com isso, eleger uma bancada numerosa do PRB. O plano de colar a imagem de gestor e jovem de sucesso a Marcelo Hodge Crivella, de 31 anos, teve, no entanto, o primeiro revés no mês passado. A rede de ensino de computação gráfica e games presidida pelo filho do prefeito entrou com pedido de falência no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região mesmo depois de receber aportes milionário de investidores estrangeiros nos últimos anos.

    A solicitação da RedZero Participações LTDA e outras 19 empresas do grupo foi aceita pelo juiz Alexandre de Carvalho no último dia 4 de setembro. Na ação obtida por VEJA, a rede de Marcelinho admite que recebeu 125 milhões de reais de novos sócios desde 2013, mas que o valor não foi suficiente para manter a operação funcionando: “O momento trágico que o país e, especialmente, o estado do Rio de Janeiro atravessam impediu que o grupo emplacasse”. A RedZero alegou ainda que quando os investidores entraram na empresa no passado já existia “um passivo considerável, o qual não foi possível equacionar”. Em nenhum momento do pedido feito ao Judiciário admite-se qualquer falha na condução dos negócios por parte da direção do grupo.

    Há três anos, VEJA revelou como se deu a operação financeira que beneficiou a empresa do filho de Crivella, na época com apenas 29 anos. Formado em psicologia, Marcelinho trabalhava na área de licenciamento de marcas da Record, emissora controlada pelo bispo Edir Macedo, manda-chuva da igreja Universal e tio de Crivella-pai, até ingressar, em junho de 2011, na Seven (nome anterior da RedZero). No mesmo ano, o grupo Full Sail, dono de uma universidade e empresas do ramo de animação e entretenimento, comprou 80% da empresa por cerca de 100 milhões de reais.

    Feito o negócio, a RedZero passou a ter um nebuloso quadro societário. O comando era da Artemis Distribution Lux, S.A, empresa que é a ponta final de uma cadeia de offshores. Criada em junho de 2012 em Luxemburgo, ela tem como principal acionista a Artemis Distribution Partners Canada – que por sua vez, é da Artemis Distribution LLC, de Delaware, paraíso fiscal em território americano. Nos documentos da associação, todas essas empresas aparecem ligadas a Jon Phelps, dono e fundador da Full Sail.

    Além do robusto investimento, Marcelinho sempre contou com a posição pública do pai para ajudá-lo nos negócios. Em 2013, por exemplo, cinco executivos da Full Sail foram retidos no aeroporto de Manaus por problemas no visto. Com o impasse instalado, os americanos se comunicaram com os Crivella – e o então ministro da Pesca trabalhou para liberá-los através de uma série de ofícios disparados do seu gabinete. Em outra ocasião, Crivella-pai usou a estrutura do seu gabinete no Senado para agilizar a entrada de designers americanos que a rede do filho queria trazer ao Brasil.

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    Procurado para se manifestar sobre a bancarrota na sua primeira experiência no mundo dos negócios, Marcelinho Crivella não quis se manifestar.

    (Atualização às 19h37: Marcelo Hodge Crivella entrou em contato e informou que “exerceu a função de Presidente Institucional na empresa RedZero de 2011 a 2015. Durante todo esse período, ficou responsável pelo relacionamento com funcionários, implementação da cultura organizacional, e relações institucionais da empresa. Não cabia a Marcelo Hodge Crivella, no entanto, qualquer decisão de cunho financeiro ou de entrada em novos mercados. Quem dava essas diretrizes era o CEO. A tentativa de relacionar qualquer resultado da empresa no Brasil com a capacidade administrativa de Marcelo Hodge Crivella é equivocada e não condiz com a realidade. Vale esclarecer que a decisão de encerrar as atividades no Brasil foi decisão estreitamente dos sócios, que infelizmente em meio à crise que vivemos se somam a estatística de tantos outros negócios que fecharam no Rio nos últimos anos”).

     

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