A Corregedoria Interna da Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou nesta quinta-feira a Operação Infiltrados, que prendeu sete policiais civis, sendo dois delegados, acusados de organização criminosa, extorsão mediante sequestro, concussão, roubo qualificado e prevaricação. Além das prisões preventivas, a 7ª Vara Criminal de Mesquita, na Baixada Fluminense, expediu dez mandados de busca e apreensão.
Leonardo Guimarães de Godoy Garcia Grivot, delegado assistente; Matheus de almeida Romanelli Lopes, delegado titular; e Leonardo Ferreira Amaral, Paulo da Silva Carvalho, Cosme de Araújo Conceição, Sérgio Bezerra de Andrade e Carlos Alberto Falcão, todos inspetores, foram presos e denunciados pelo Ministério Público.
Por meio de conversas telefônicas autorizadas pela Justiça, análise de dados, colaboração premiada, infiltração e diligências de campo, um inquérito policial comprovou a participação de policiais do 53° DP (de Mesquita) no sequestro de Carlos Vinícius, o Orelha, um líder do tráfico de drogas na favela da Chatuba, no dia 30 de agosto de 2017. O traficante, que tinha um mandado de prisão expedido contra ele, foi mantido detido na delegacia por policiais e solto após o pagamento de propina por parte de seus familiares. O traficante foi preso posteriormente em outra operação da Corregedoria da Polícia Civil.
Em uma das escutas feitas pela operação, a mulher do traficante Orelha conversa com um homem e tenta conseguir dinheiro para entregar aos policiais, a quem chama de “canas”. Em outra ligação, esse interlocutor é perguntado por sua esposa se é possível resolver o problema da mulher do traficante, mas ele responde que a situação é complicada.
Tá todo mundo quebrado. Os canas baixaram para 20.000 reais. Era 53.000 e agora abaixou para 20. Ela (a mulher do traficante) foi embora com a mãe do Orelha. Acho que foi caçar algum agiota. Tomara que dê certo
Os policiais acusados também estiveram envolvidos em outros casos de suspeitos liberados. Em um deles, um homem foi detido por roubo qualificado após ser reconhecido pelas vítimas. Ele foi liberado pelos policiais e seu auto de prisão em flagrante foi cancelado. Dias depois, o suspeito foi baleado em confronto com a polícia.
Segundo as investigações, os agentes alvos da operação desta quinta também liberaram após propina um homem preso por violência doméstica. A ocorrência e o nome do suspeito de agressão não foram registrados pelos policiais.