Dez militares envolvidos em ação que fuzilou carro de família são presos
Disparos mataram o motorista Evaldo dos Santos Rosa; segundo o Comando Militar do Leste, guarnição descumpriu as regras de engajamento
O Exército determinou nesta segunda-feira, 8, a prisão de dez dos doze militares que estavam na guarnição envolvida no fuzilamento do carro que levava uma família na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O caso aconteceu no domingo e terminou com a morte do motorista, o músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos. O veículo foi alvejado por cerca de 80 tiros e outras duas pessoas ficaram feridas.
Segundo o Comando Militar do Leste (CML), os dez militares foram presos em flagrante por descumprimento das “regras de engajamento”. De acordo com o CML, foram constatadas inconsistências entre os fatos inicialmente reportados pelos envolvidos e as informações que chegaram posteriormente ao Exército.
As prisões foram determinadas depois de depoimentos dos militares à Delegacia de Polícia Judiciária Militar e ao Ministério Público Militar.
Inicialmente, o CML informou que a guarnição circulava pelo bairro de Guadalupe quando se deparou com um assalto e foi atacada por criminosos. E que, por causa disso, atirou contra os assaltantes, reagindo à “injusta agressão”. Segundo essa primeira nota divulgada na tarde de domingo pelo Exército, o homem que morreu e o que ficou ferido eram assaltantes. Uma terceira pessoa, um pedestre, foi atingido durante o tiroteio, ainda segundo a primeira nota do Exército.
A Polícia Civil, no entanto, depois de fazer uma perícia no local, informou que não havia assaltantes no carro e que as duas vítimas eram integrantes de uma família que estava no veículo. O homem que morreu foi identificado como Evaldo dos Santos Rosa e o ferido que estava no carro seria seu sogro. Além deles, estavam no carro a mulher de Evaldo e uma criança, que não ficaram feridas.
O delegado Leonardo Salgado da Delegacia de Homicídios, que está investigando o caso, afirmou em entrevista à TV Globo que “tudo indica” que os militares confundiram o carro da família com o de assaltantes.
“Foram diversos, diversos disparos de arma de fogo efetuados e tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com o carro de bandidos. Mas neste veículo estava uma família”, contou Salgado. “Não foi encontrada nenhuma arma (no carro). Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares.”
De acordo com a última nota divulgada pelo CML, os militares presos estão à disposição da Justiça Militar, que realizará a audiência de custódia e decidirá se manterá ou não a prisão.
“O Exército Brasileiro reitera seu estrito compromisso com a transparência e com os parâmetros legais impostos pelo Estado de Direito ao uso legítimo da força por seus membros, repudiando veementemente excessos ou abusos que venham a ser cometidos quando do exercício das suas atividades”, finaliza a nota.
(com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)