Especialistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), do Centro Nacional de Monitoramento e Informações Ambientais (Cenima) e do Ministértio do Meio Ambiente afirmaram à CPI do Óleo, Nesta terça-feira 17, que, até hoje, mais de três meses depois do desastre, continua desconhecido o responsável pelo derramamento de óleo no litoral dos nove estados nordestinos, mais Espírito Santo e Rio de Janeiro.
O coordenador-geral do Cenima, Pedro Alberto Bignelli, descartou a hipótese de que o responsável pelo desastre tenha sido o navio Bouboulina, da empresa grega Delta Tankers, como divulgado pela Polícia Federal. Bignelli acredita que o óleo, extremamente denso e de origem venezuelana, foi descarregado numa longa distância do litoral e chegou até as praias parcialmente submerso. Ele também descartou a hipótese de afundamento de uma embarcação.
“Você utilizaria um navio-tanque tipo Bouboulina como pirata? Não. Porque é um navio quase último modelo. Normalmente são utilizados navios mais antigos, que podem estar trafegando com uma quantidade de óleo acima do normal. Então, na minha opinião, seria um acidente realmente com um navio pirata, desconhecido.”
De acordo com o Ibama, a informação sobre o navio grego foi repassada à Polícia Federal pela empresa HEX Tecnologias Geoespaciais, que tem um contrato de pouco mais de um R$ 1 milhão com o órgão ambiental.
Segundo o órgão, a HEX tentou garantir mais dinheiro pela informação sobre o navio grego, baseada em imagens de satélite, informações consideradas inconsistentes pelo órgão ambiental, que se recusou pagar o preço pedido. A HEX, então, repassou a informação à Polícia Federal.
O relator da CPI do Óleo, deputado João H. Campos (PSB-PE), disse que essa versão da história ainda vai ser apurada. O parlamentar questionou os representantes do governo sobre o cumprimento do Plano Nacional de Contingência (PNC).
“Nós podemos verificar que, entre autoridades que compõem o Ibama, há divergências quanto a cumprimentos, algumas normativas, a pontos cruciais do PNC. Poderemos nos posicionar sobre isso durante a fase de constituição do relatório.”
A coordenadora de Prevenção e Gestão de Riscos Ambientais do Ibama, Cristiane de Oliveira, afirmou que o derramamento de óleo no litoral brasileiro foi um acidente inédito no mundo e que, por isso, as técnicas previstas em protocolos existentes não foram eficientes, o que exigiu novas práticas.
Cristiane de Oliveira disse que todos os órgãos ambientais agiram desde o início do desastre ambiental e que nenhum recurso técnico foi negado pelo governo, inclusive com assessoria de instituições internacionais.
A representante do Ibama e o representante do Ministério do Meio Ambiente, Robson José Calixto, negaram que o governo tenha processos sigilosos sobre o derramamento de óleo e disseram desconhecer qualquer orientação no sentido de minimizar o desastre ambiental.
(Com Agência Câmara)