Nos desfiles que comandou, a carnavalesca Rosa Magalhães gostava de se misturar com os componentes das escolas de samba sem chamar muito atenção. Era assim que sentia a evolução de sua turma de foliões e a reação do público. Uma de suas conquistas mais famosas ocorreu em 1982, com a Império Serrano embalada pelo icônico enredo Bum Bum Paticumbum Prugurundum, um dos mais famosos do Carnaval carioca. Na Imperatriz Leopoldinense, conquistou o bicampeonato, de 1994 e 1995, e o tricampeonato, de 1999, 2000 e 2001. O último título foi em 2013, à frente da Unidos de Vila Isabel. Além de todos esses feitos, Rosa montou o espetáculo da cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007, que lhe valeu o prêmio Emmy de melhor figurino, e da festa de encerramento da Olimpíada de 2016, realizada no Rio de Janeiro. Começou a carreira em 1971, no barracão do Salgueiro, em meio a uma turma da qual faziam parte Joãosinho Trinta, Lícia Lacerda e Maria Augusta. Com a ajuda do mentor Fernando Pamplona, ingressou no mundo do Carnaval durante as aulas na Escola de Belas Artes. Morreu em sua casa, no Rio, na noite de quinta-feira 25, em consequência de um infarto. Tinha 77 anos.
Múltiplos talentos
O pernambucano J. Borges era um artista de múltiplos talentos. Xilogravurista, cordelista e poeta, teve obras expostas no Museu do Louvre, em Paris, na França, e em galerias nos Estados Unidos, Alemanha, Suíça e Itália. Uma de suas últimas criações, a xilogravura Jesus, Maria e José: a Sagrada Família, foi presenteada ao papa Francisco pelo presidente Lula no ano passado. Conhecido como mestre da arte popular brasileira, fazia questão de vender suas obras a preços acessíveis. Aprendeu a ler, escrever e fazer contas no único ano em que frequentou a escola. Na juventude, foi carpinteiro e pedreiro, até descobrir a literatura de cordel. Morreu na sexta-feira 26, aos 88 anos, em Bezerros, sua cidade natal, de causas naturais.
Rebelde e feminista
O primeiro livro da escritora Edna O’Brien, The Country Girls (1960), narra os conflitos de duas jovens irlandesas que se rebelam contra a sua criação católica. O romance foi proibido na Irlanda porque a autora descrevia a vida sexual dos personagens com uma naturalidade e uma liberdade jamais vistas na literatura local. O’Brien também discorreu sobre os dramas políticos de seu país em trabalhos não menos polêmicos. Convidada da Feira Literária de Paraty, em 2009, causou consternação ao criticar Chico Buarque por sua aparente “falta de conhecimento literário”. A editora Faber anunciou sua morte no sábado 27, por meio de suas redes sociais, dizendo que ela se fora “após uma longa doença”. Tinha 93 anos.
Publicado em VEJA de 2 de agosto de 2024, edição nº 2904