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Cunha diz que Joesley mente sobre encontros com Lula

Em nota escrita na cadeia, ex-deputado afirma que ele, o petista e o empresário se reuniram em março de 2016 para discutir impeachment de Dilma

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 21h03 - Publicado em 19 jun 2017, 18h35
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  • Preso no Complexo Médico-Penal de Curitiba desde outubro de 2016, o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) escreveu uma carta para contradizer a entrevista do empresário Joesley Batista à revista Época, publicada no final de semana, e a delação premiada firmada entre ele e a Procuradoria-Geral da República (PGR). Condenado a 15 anos e 4 meses de prisão na Lava Jato, Cunha classifica Joesley como “delinquente”, “perigoso marginal” e “meliante” e afirma que, ao contrário do que disse à publicação e em seus depoimentos, o empresário não esteve apenas duas vezes com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Segundo Joesley Batista, os dois encontros com o petista ocorreram em 2006 e 2013 e o interlocutor dele junto ao governo e ao Partido dos Trabalhadores (PT) era o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.

    No texto escrito de próprio punho na cadeia, contudo, o peemedebista relata uma suposta reunião na casa de Joesley, em São Paulo, no dia 26 de março de 2016, em que Cunha, Lula e o anfitrião discutiram o processo de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff. O encontro teria sido marcado a pedido do ex-presidente.

    “Ele fala que só encontrou o ex-presidente lula por duas vezes, em 2006 e 2013. Mentira! Ele apenas se esqueceu [sic.] que promoveu um encontrou que durou horas, no dia 26 de março de 2016, Sábado de Aleluia, na sua residência à Rua França 553, entre eu, ele e Lula, a pedido do Lula, afim de discutir o processo de impeachment, ocorrido em 17 de abril, onde pude constatar a relação entre eles e os constantes encontros que eles mantinham”, afirma Eduardo Cunha.

    Ele ainda diz que seguranças da Casa que o acompanharam à reunião e a locação do veículo que ele utilizou em São Paulo podem comprovar suas declarações.

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    Acusado nos depoimentos de Joesley Batista de receber propina em contratos da Caixa Econômica Federal, do Fundo de Investimentos do FGTS e do Ministério da Agricultura, além de uma mesada para não aderir a um acordo com o Ministério Público Federal, Cunha classifica a delação da JBS como “bilionariamente premiada” e lamenta ter convivido com o empresário.

    “Lamento ter exposto a minha família à convivência com esse perigoso marginal, na minha casa e na dele, onde hoje fica claro que ele mente para obter benefícios para os seus crimes, ficando livre da cadeia, obtendo uma leniência fiada, mas desfrutando dos seus bilionários bens a vista, tais como jatos, iate, cobertura em NY, mansão em St. Barthy [sic.], além de bilhões de dólares no exterior, dentre outros”.

    O ex-presidente da Câmara também cita o recurso em que pede ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação da homologação das delações da JBS. O peemedebista sustenta que a lei que regula os acordos de colaboração “só permite ao Ministério Público não oferecer denúncia contra delator, se ele não for o líder da organização criminosa e for o primeiro a delatar, o que não enquadra o meliante, que além de ser líder não foi o primeiro a delatar. Espero que o STF reveja esse absurdo e bilionário acordo desse delinquente”, ataca.

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    Eduardo Cunha encerra a nota de repúdio citando as medidas provisórias 783 (Programa Especial de Regularização Tributária) e 784 (leniência com o Banco Central) e afirma que Joesley Batista ainda é “o maior beneficiário de medidas do governo”. “A pergunta que não quer calar é de onde vem o poder dele, que mente, ataca o governo e ainda se beneficia dos atos do governo que o deixam mais rico e impune?”, completa.

    Veja abaixo a nota escrita pelo ex-deputado Eduardo Cunha:

    Nota do cunha

     

    Nota do cunha

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