Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Companheira de Marielle: “Não consigo crer que não vai voltar”

Esposa, filha, irmã e pais da vereadora assassinada no Rio desabafam sobre sua dor em uma reportagem especial do 'Fantástico'

Por Da redação
Atualizado em 19 mar 2018, 15h41 - Publicado em 18 mar 2018, 22h09
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu neste domingo conversa com a família de Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro, no último dia 14 de março. A reportagem especial desta edição traz o desabafo da esposa de Marielle, Monica Tereza Benício, da filha de 19 anos, Luyara Santos, da irmã e dos pais da vereadora, além da assessora, que estava no carro no momento em que Marielle foi morta.

    Monica é arquiteta e vivia com Marielle há um ano. Juntas, as duas lutavam pela causa LGBT e, em suas postagens no Instagram, usavam a hashtag #NossasFamíliasExistem, em referência ao Estatuto da Família, que define como família somente a união entre homem e mulher. Essa foi a primeira entrevista da esposa depois do assassinato, e ela desabafa: “Eu ainda não consigo acreditar que ela não vai voltar pra casa”.

    Em sua última foto ao lado de Monica postada no Instagram, Marielle escreveu: “Parabéns pra essa cidade do coração, que, infelizmente, tem sido tão maltratada historicamente, inclusive nos últimos anos. E que quanto mais parece estar abandonada, mais fica hostil às mulheres e à população negra. Que nos próximos aniversários comemoremos como realmente gostaríamos: com um Rio para todas e todos!”.

     

    Monica contou durante a reportagem que Marielle enviou uma mensagem quando já estava a caminho de casa, pouco antes de ser assassinada, perguntando se ela precisava de algo. A companheira da vereadora diz que, com a demora de Marielle em chegar, tentou ligar mais de vinte vezes, sem sucesso, e começou a ficar desesperada. Foi quando recebeu a chamada de uma amiga que estava em frente da casa que dividia com Marielle, pedindo que abrisse a porta.

    Ao ver a cara da amiga começou a indagar: “Aconteceu alguma coisa com Marielle?”. Monica conta, chorando, que a amiga disse: “Você precisa ser forte, a Marielle morreu”.

    Continua após a publicidade

    Perguntada se Marielle havia recebido alguma ameaça, a companheira da vereadora foi taxativa: “Ela tava feliz, despreocupada. Íamos casar no ano que vem. […]”. Diz Monica sobre a vida em conjunto com a política:  “Fomos construindo tudo aos poucos […], tudo com muito amor”.

     

    Marielle Franco e sua mulher Monica Benício
    Marielle Franco e sua mulher, Monica Benício, tiram selfie no Complexo da Maré, Rio de Janeiro (@marielle_franco/Instagram)

    Fake news

    Durante a reportagem veiculada pelo Fantástico, a propagação das notícias falsas, as fake news, a respeito de Marielle também foi discutida. Uma das principais propagadoras de notícias falsas foi Marília Castro Neves, do TJ-RJ, que afirmou em comentário no Facebook que a vereadora morta “foi eleita pelo Comando Vermelho”. O PSOL, partido de Marielle, afirma que entrará com ação contra a desembargadora.

    As mentiras difundidas por Marília, dentre tantas outras — como o boato afirmando que a vereadora assassinada teria sido casada com o traficante Marcinho VP no passado —, serviram de base para que muitas pessoas comemorassem nas redes a morte de Marielle. “É inadmissível uma pessoa comemorar a morte de outra pessoa”, disse Anielle Franco, irmã da vereadora morta, em tom de revolta.

    “Quase ninguém no Brasil pode falar da minha filha”, complementou o pai de Marielle.

    Continua após a publicidade

    Desmaiados

    Em áudio exibido durante o programa, a assessora de Marielle é ouvida entre soluços, após o assassinato, em uma mensagem de voz enviada a seu marido, dizendo que estava bem, mas pedindo que o marido rezasse, pois Marielle e Anderson Gomes, o motorista da vereadora, estavam desmaiados: “Olha só, o carro em que eu estava com a Marielle, que eu estou, levou uma porção de tiros. A Marielle foi atingida, eu estou nervosa, mas eu estou bem. Foram vários tiros. […] Eu não sei o que é que eu faço. Eu estou bem, está tudo bem comigo. Mas a Marielle está desmaiada. O Anderson também. […] Reza por mim, amor. Reza pela Marielle. Reza pelo Anderson”.

    Questionada sobre quando foi que percebeu que Marielle e Anderson não estavam desmaiados mas sim mortos, a assessora respondeu que escutou policiais dizendo que haviam “dois mortos e uma sobrevivente”.

    “A coisa do sobrevivente me marcou muito. Porque eu queria a Marielle viva, eu queria o Anderson vivo. Porque sobreviver é uma coisa muito cruel”, diz a assessora antes de encerrar sua entrevista com uma indagação: “Por que eu preciso sobreviver? Que coisa horrenda é essa, que violência é essa?”.

    Continua após a publicidade

    Anderson Gomes

    A viúva do motorista do carro em que Marielle estava e que morreu vítima dos tiros também falou sobre seu luto. Ágatha Arnaus Reis, esposa de Anderson Pedro Gomes, afirmou: “A nossa rocha de casa era ele”. Anderson deixou um filho de apenas 1 ano.

    “Meu marido era uma pessoa sempre calma […] e querido por todos”, disse a viúva. “Se a morte [de Anderson] mudar qualquer coisa […] isso é esperança, não é possível que a gente vá ficar abandonado por tanto tempo”.

    Marielle foi assassinada na última quarta-feira vítima do que a polícia suspeita ter sido uma emboscada. Ela levou quatro tiros na cabeça depois que um carro cercou o veículo em que ela estava e alguém disparou. Os tiros acertaram a vereadora e o motorista. A assessora que estava no veículo ficou ferida por estilhaços.

    Continua após a publicidade

    As investigações da polícia trabalham com a suspeita de execução. Marielle era ativista pelos direitos humanos, pela causa LGBT, do negros e das mulheres. Havia sido designada para monitorar a intervenção federal no Rio de Janeiro, ação à qual ela se colocava contra, há duas semanas e para a relatoria de uma comissão na Câmara municipal. Nos dias 10 e 11 de março, a vereadora havia criticado em seu Facebook a ação dos militares no Rio. Em sua última postagem afirmou: ‘Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.