Comandante do Exército diz que intervenção exigirá ‘sacrifício’
Para general Eduardo Villas Bôas, até mesmo população do Rio de Janeiro deverá se sacrificar pela segurança do estado
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou que a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro exigirá “comprometimento, sinergia e sacrifício”.
Em comunicado interno divulgado na sexta-feira, o general diz entender que os poderes constitucionais, instituições e, eventualmente, até mesmo a população do Rio de Janeiro deverão se sacrificar para a intervenção.
O documento, divulgado em nome do chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, general Otávio Santana do Rêgo Barros, diz ainda que Villas Bôas determinou que “todos os esforços convergissem para a concretização da missão atribuída” ao general de Exército Walter Souza Braga Netto, interventor nomeado pelo presidente Michel Temer.
O decreto que determina a intervenção federal no Rio foi publicado na sexta-feira e entrou em vigor imediatamente. Os detalhes da intervenção estão sendo discutidos em reunião neste sábado no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio.
A reunião conta com a presença do presidente Michel Temer, o interventor, ministros e o governador Luis Fernando Pezão.
Surpresa
O Comando Militar do Leste (CML) foi surpreendido pela decisão do governo federal de decretar a intervenção federal. Símbolo dessa surpresa é o fato de o general Braga Netto ter viajado com a família no Carnaval e só ter retornado ao Rio na Quarta-feira de Cinzas.
Eram 10 horas quando o general embarcou ontem para Brasília para se reunir com o Alto Comando do Exército. A viagem estava marcada para segunda-feira, quando seria realizada uma reunião ordinária. “Há uma semana, nós não tínhamos essa perspectiva da intervenção. Foi uma surpresa”, afirmou um general do CML.
Pela manhã, os generais do Comando não sabiam ainda qual o alcance da intervenção, qual seria o papel do interventor. “Não esperem nenhuma ação espetacular para hoje ou amanhã”, afirmou o general.
Há agora também um temor de que o ambiente político contamine a caserna em um ano eleitoral. “Teremos muito cuidado, pois o Exército é um instrumento de Estado e não de governo”, disse o general.