Ex-embaixador do Brasil em Buenos Aires, Marcos Azambuja participou da edição desta sexta-feira, 24, da live de Os Três Poderes. Com apresentação de Ricardo Ferraz e comentários de Ricardo Rangel, Robson Bonin e Marcela Rahal, o programa trouxe debate sobre os desafios da eleição de Javier Milei para as relações Brasil-Argentina, tema da reportagem de capa da semana. “Ele próprio não sabe o que vai fazer. A indefinição argentina traz perplexidade para os outros países”, afirmou. Assista:
Matéria de VEJA mostra por que a eleição de Milei é marcada pela incerteza. No campo diplomático, o político ultraliberal é próximo de Jair Bolsonaro e de Donald Trump, e chamou Lula de ‘corrupto’ e ‘comunista’ durante a campanha. O primeiro aceno de moderação veio com Milei dizendo que o petista será ‘bem-vindo’ em sua posse. Na questão comercial, teme-se o efeito do novo governo nas muitas parcerias de negócios entre os países e no acordo Mercosul-União Europeia.
As maiores dúvidas não estão na política externa, mas na economia. No profundo buraco em que a Argentina se enfiou, a inflação acumulada nos últimos doze meses é de 142%, com expectativa de bater em 200% no início do próximo ano. O dólar passou de 1 000 pesos e a taxa de juros do Banco Central atingiu 133% ao ano. Mais de 40% da população vive abaixo da linha de pobreza. Para complicar ainda mais, o país deve 44 bilhões de dólares ao FMI e não tem reservas para honrar o empréstimo. Em seu primeiro pronunciamento, Milei avisou que o remédio da sua receita será amargo e que “não haverá espaços para gradualismo”. Até o momento, contudo, não detalhou como cumprirá a promessa de cortar 15% dos gastos do governo e acabar com subsídios nas tarifas públicas.
A aprovação no Senado da PEC que limita decisões do STF provocou reações na Corte – e entrou na pauta da semana. O presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, afirmou que o retrocesso democrático costuma começar por ‘mudanças nas Supremas Cortes’. Gilmar Mendes, por sua vez, falou que o STF ‘não admite intimidações’, além de ter questionado Jaques Wagner por seu voto a favor da medida. Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco definiu as reações como ‘agressões gratuitas’ e destacou que as instituições não são ‘intocáveis’.