Acusada de ter envenenado o feijão servido ao enteado Bruno Carvalho Cabral, de 16 anos, a madrasta Cíntia Mariano Dias Cabral, de 49 anos, que foi presa, alegou que se tratava-se de “caldo knorr de bacon que não havia sido dissolvido”, em depoimento à 33ª DP (Realengo) ao qual a VEJA teve acesso. No almoço de família que ocorreu em 15 de maio, o adolescente chegou a reclamar do gosto da comida e informar à madrasta que havia bolinhas no feijão, o que foi minimizado. “Se você não estiver aguentando pode jogar o resto fora”, orientou Cíntia. Bruno sobreviveu. Ela também é suspeita de ter assassinado ainda por envenenamento a enteada Fernanda, de 22 anos, que morreu em março.
Logo após o almoço, com direito a arroz e bife com batatas fritas, Bruno passou mal. Ele foi levado para o Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, Zona Oeste, com tontura, língua enrolada, babando e com coloração da pele branca. Os casos de Bruno, tratado como tentativa de homicídio, e a morte de Fernanda, registrada a princípio como natural passou a ser investigada como homicídio, após denúncias feitas pela mãe dos jovens Jane Carvalho Cabral contra a madrasta na delegacia.
Para o delegado Flávio Rodrigues, que investiga os casos, há indícios que indicam a participação de Cíntia nos crimes. “Ela nega, mas confessou para um dos filhos que envenenou os dois enteados. Os irmãos tiveram os mesmos sintomas”, afirmou o delegado Flávio Rodrigues. Esta semana, a polícia vai ouvir os médicos que atenderam Fernanda também no Albert Schweitzer. A polícia ainda estuda se vai pedir a exumação do corpo da jovem.
Um dos filhos de Cíntia a descreveu à polícia como fria e manipuladora. Ele relatou ainda que a mãe tinha ciúmes da relação do marido Adeilson Cabral, conhecido como Maninho, com os filhos. “Cíntia é uma pessoa muito possessiva e ciumenta”, contou. Ele alegou ainda que sentiu muito a morte repentina de Fernanda.
Cíntia tinha um relacionamento com Adeilson, o pai das vítimas, há quatro anos. Ela é mãe de três filhos de relacionamento anterior e tinha uma filha adotiva com o marido. A família mora em Padre Miguel, Zona Oeste do Rio. Ela era conhecida ainda por integrar o programa do município do Rio para cuidar de crianças, conhecido como mãe acolhedora. Mas para a juíza Raphaela de Almeida Silva, da 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a liberdade de Cíntia traz prejuízos ao prosseguimento das investigações. “Isso porque poderá exercer pressão sobre as testemunhas, levando em conta que os presentes na residência no momento do crime são familiares, filhos, inclusive, da suspeita”.