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Bolsonaro conta com dissidentes na disputa pela presidência da Câmara

Planalto calcula que poderá tirar entre 25 e 30 votos do bloco opositor formado por 11 partidos

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 dez 2020, 12h00
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  • De olho na disputa pelo comando da Câmara, o Palácio do Planalto traçou uma estratégia para enfraquecer o bloco de 11 partidos costurado pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e que tem como candidato Baleia Rossi, presidente do MDB. O plano consiste em tentar cooptar entre 25 e 30 parlamentares do PDT, PSB, DEM e MDB que poderão registrar o seu voto secreto em Arthur Lira, líder do Centrão e aliado de Jair Bolsonaro. Com esses dissidentes ao seu lado, o governo estima que Rossi poderá ter entre 250 e 255 apoiadores, enquanto Lira deverá agregar entre 258 e 263 adeptos. Nesse cenário desenhado, seria travada uma batalha acirrada. Para garantir a vitória, são necessários 257 de um total de 513 votos.

    Uma das principais investidas do Planalto para vencer a corrida pelo controle da Câmara envolve parlamentares do PDT, partido do presidenciável Ciro Gomes e que se juntou a Maia para derrotar o candidato de Bolsonaro. O deputado Alex Santana (PDT-BA) é um exemplo desse cabo de guerra  político. Evangélico, ele não esconde a sua admiração pelo presidente da República com o qual já acompanhou a inauguração de uma obra e tirou uma selfie. De acordo com dados do Planalto, Santana tem uma taxa de fidelidade de 78% de votações favoráveis. “Isso gera um incômodo para mim. Entendo que o PDT quer ser protagonista de uma oposição e está fazendo o papel dele. Cabe a mim administrar essa questão”, diz ele, que consta da lista dos alvos que o governo tenta seduzir.

    No PSB, a aposta do Planalto está em 15 deputados que estão em conflito ou insatisfeitos com o partido. Dentre eles, estão os parlamentares Rodrigo Coelho (SC), Jefferson Campos (SP) e Emidinho Madeira (MG). De acordo com os registros do governo, esses dissidentes, que estão brigando para sair da legenda, têm uma taxa de fidelidade a Bolsonaro superior a 70% — e devem votar em Arthur Lira.

    Além de integrantes de partidos de esquerda, o governo acredita que membros do DEM e do MDB deverão votar contra Rodrigo Maia e Baleia Rossi, porque alguns deles têm afilhados políticos em cargos relevantes na administração pública e em estatais. O partido de Baleia Rossi, por exemplo, ganhou duas secretarias do Ministério do Desenvolvimento Regional e uma diretoria da estatal de energia elétrica Chesf. Já o DEM controla a Ceasa de Minas Gerais e a presidência da Codevasf, que tem um orçamento de 1,6 bilhão de reais. Nesse último caso, o padrinho é o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), que disse ter sido traído por Maia na escolha de Baleia Rossi. O vice-líder do governo no Congresso, o deputado Pedro Lupion (DEM-PR), também é um dos que devem apoiar Arthur Lira, porque não aceita a aliança firmada com a esquerda.

    A contagem de votos do Planalto poderá mudar nos próximos meses, sobretudo após as promessas colocadas no balcão pelos dois candidatos. Mesmo assim, o governo está confiante na vitória, pois o seu aliado, Arthur Lira, conta com a estrutura da máquina pública, com cargos e verbas públicas, para atrair votos. Já Maia está jogando todas as suas fichas na independência da Câmara e numa aliança de centro-esquerda para derrotar Bolsonaro nas eleições de 2022. De um jeito ou de outro, a batalha só está começando.

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