Beneficiários do programa Bolsa Família, cujo objetivo é complementar a renda das pessoas mais pobres, gastaram cerca de 3 bilhões de reais em sites de apostas no mês de agosto. A revelação consta de uma Nota Técnica emitida pelo Banco Central, após consulta do senador Omar Aziz (PSD-AM).
A insitutição estima que cerca de 5 milhões de pessoas que recebem o benefício utilizaram parte do dinheiro para apostar em todo tipo de modalidade disponível nas chamadas bets por meio de Pix. O Banco Central calcula que 70% são chefes de família cadastrados como titulares no programa e a média das apostas gira em torno de 100 reais por pessoa.
No total, a média mensal dos gastos do brasileiro com esse tipo de jogo de azar é de quase 21 bilhões de reais. Para se ter uma ideia do volume que o negócio das casas de apostas movimenta no país hoje, as despesas com loterias oficiais não bate os 2 bilhões de reais, ou seja, é mais de dez vezes menor.
O lucro dessas empresas, segundo as cifras explicitadas na nota, gira em torno de 3,15 bilhões de reais mensais. “Com base nas transferências que são feitas para pessoas físicas, estimamos que aproximadamente 15% do que é apostado seja retido pelas empresas, com o restante distribuído aos ganhadores a título de prêmio”, diz o relatório, que destaca ainda o fato de a maioria das despesas não ser realizada em empresas classificadas corretamente no setor econômico da exploração de jogos apostas e jogos de azar.
Perfil dos apostadores
Em relação ao perfil dos apostadores, a maioria tem entre 20 e 30 anos. O valor médio mensal das apostas aumenta conforme a idade. Entre os mais jovens, o valor gira em torno de 100 reais mensais, enquanto entre os mais velhos o valor pode ultrapassar 3 000 por mês.
O sonho de ficar rico, destacam os técnicos do BC, é maior entre as famílias mais pobres. “É razoável supor
que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira”, diz o documento.