Um grupo de homens encapuzados atacou a Igreja Católica Cristo Operário Santo Cura D’Ares, na Vila Kennedy, na Zona Oeste no Rio, e assaltou cerca de 20 fiéis e um padre, quinta-feira (8). O crime ocorreu depois que militares deixaram a comunidade após uma operação no local.
Segundo publicação na página do Facebook Voz da Vila Kennedy, de moradores da região, os criminosos fizeram os fiéis de reféns e roubaram todos os pertences das pessoas que estavam na igreja, inclusive os do padre. Os quatro ladrões estavam encapuzados, o que dificulta a identificação. Não houve feridos.
Nesta sexta-feira (9) os militares voltaram à favela, pelo terceiro dia consecutivo. Durante a intervenção, os oficiais e praças acompanharam os agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) em ação de “ordenamento urbano”, coordenada pela Prefeitura — sem o emprego dos militares nas destruições. Os agentes derrubaram barracas de feirantes, com o uso de retroescavadeiras e provocaram reações contrárias de comerciantes que trabalhavam nos locais.
“O Exército, a prefeitura e a PM estão punindo pessoas que não têm nada a ver com o crime, que são trabalhadoras. A partir do dia de hoje, a relação com as forças de segurança vai ser outra, muito pior”, afirmou um morador, que preferiu não ter a identidade divulgada.
Questionado pela reportagem sobre o motivo das demolições, o Comando Conjunto de Operações no Rio informou que “a operação de organização urbana está sendo realizada pela prefeitura, com base em critérios por ela estabelecidos”. Os militares afirmaram também que “apenas asseguram a estabilidade da área.” A reportagem buscou explicações na Secretaria de Ordem Pública do município, mas não obteve resposta.
Na ação desta sexta, os militares fazem novamente um “cerco, estabilização dinâmica da área e reforço no patrulhamento ostensivo” na comunidade. “Eventualmente poderão ser cumpridos mandados de prisão por parte da Polícia Civil e executada remoção de obstáculos remanescentes”, informou a comunicação o Comando Militar do Leste (CML), por nota.
São empregados 1.400 militares das Forças Armadas, com apoio de blindados, aeronaves e equipamentos pesados de engenharia. Algumas ruas e acessos nessas áreas poderão ser interditados.