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Atos anti e pró-Bolsonaro têm confrontos e acirram polarização na pandemia

Manifestações antifascistas foram lideradas por torcidas organizadas em São Paulo, no Rio e em Minas. Houve tumulto, violência e detenções

Por Da Redação Atualizado em 31 Maio 2020, 23h34 - Publicado em 31 Maio 2020, 23h28
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  • O último fim de semana de maio foi marcado por tensão entre manifestantes contra e a favor do governo Jair Bolsonaro, acirrando ainda mais o clima de polarização no país em meio à pandemia do novo coronavírus, que já infectou mais de meio milhão de brasileiros. Os protestos na Avenida Paulista, em São Paulo, e na orla de Copacabana, no Rio terminaram em conflito neste domingo, 31. Em Brasília, o presidente voltou a desrespeitar as recomendações de isolamento e participou de atos contra o STF e a favor da intervenção militar.

    Atos antifascistas, que clamavam por democracia e pela saída de Bolsonaro foram liderados por torcidas organizadas de clubes de futebol. Em São Paulo, membros da torcida corintiana Gaviões da Fiel ganharam o apoio de integrantes de organizadas dos rivais Palmeiras, São Paulo e Santos. O Corinthians tem uma ligação histórica com a democracia, em razão do movimento liderado na década de 1980 por jogadores como Sócrates e Casagrande durante a ditadura militar e que foi lembrado no ato.

    Vestidos de preto e com uma faixa em favor da democracia, cerca de 500 manifestantes, a maioria usando máscaras para proteger-se contra o coronavírus, cruzaram na Avenida Paulista. As confusões começaram ao encontrar um grupo de boslonaristas, que portavam bandeiras da Ucrânia e do Pravyi Sektor (Setor Direito), uma organização paramilitar criada em 2013 que virou partido política na Leste Europeu e é constantemente associado ao nazismo.

    As barreiras policiais não impediram uma briga entre os dois lados. A polícia interveio disparando bombas de gás lacrimogêneo. Manifestantes anti-Bolsonaro queimaram latas de lixo municipais e jogaram pedras nos policiais, que novamente responderam com gás lacrimogêneo, em um conflito que durou cerca de três horas. Pelo menos três pessoas foram detidas.

    Segundo o secretário-executivo da PM paulista, coronel Álvaro Camilo, os policiais estavam posicionados para separar os dois grupos quando os manifestantes contra Bolsonaro começaram a jogar objetos em direção aos soldados. “Infelizmente, é necessário nesses momentos o uso de armamento não letal”, disse. Ele afirmou que o governo de São Paulo é a favor da democracia e da realização dos protestos, mas que foram os manifestantes quem iniciaram os ataques.

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    Nas redes sociais, o governador João Doria afirmou que a “Policia Militar de São Paulo agiu hoje para manter a integridade física dos manifestantes, na Avenida Paulista. Dos dois lados. A presença da PM evitou o confronto e as prováveis vítimas deste embate. Todos têm direito de se manifestar, mas ninguém tem direito de agredir”, escreveu.

    Apoiadores e opositores de Bolsonaro entraram em confronto na Avenida Paulista
    Apoiadores e opositores de Bolsonaro entraram em confronto na Avenida Paulista (Miguel Schincariol/Getty Images)

    Confrontos em Copacabana

    Pela manhã, grupos pró e contra Bolsonaro ficaram frente a frente na praia de Copacabana. Os manifestantes bolsonaristas criticavam o STF e o Congresso e pediam o impeachment do governador Wilson Witzel (PSC), desafeto de Bolsonaro. O grupo de oposição ao presidente contava com membros da torcida organizada Fla Antifa, do Flamengo.

    O grupo que pedia por democracia foi reprimido por policiais, que usaram bombas de gás e deteve um dos integrantes, antes que a manifestação se dispersasse. O Rio ainda foi palco de outra manifestação em frente ao Palácio Guanabara, sede oficial do governo estadual, contra a violência policial. Houve confronto e pelo menos um manifestante foi preso por policiais militares.

    Belo Horizonte também registrou manifestações a favor e contra o governo. Membros de torcidas organizadas antifascistas de Atlético Mineiro, Cruzeiro e América Mineiro se uniram em atos contra Bolsonaro, na Praça da Bandeira, onde também se reuniam apoiadores do presidente. A Polícia Militar separou os grupos. 

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    Cavalgada e apoio a Trump

    Em Brasília, Bolsonaro repetiu a rotina dos últimos fins de semana. Compareceu a um ato, sem máscara e cumprimentou manifestantes com acenos e apertos de mão, em meio a faixas que pediam “intervenção militar” e o “fim da ditadura do STF”.  Antes, sobrevoou o local de helicóptero do governo, como já havia feito no domingo anterior. Depois, pediu para montar um cavalo da Polícia Militar que fazia a segurança do evento e cavalgou por um trecho, ovacionado pelos manifestantes.

    Durante a tarde, o presidente, seus filhos e apoiadores fizeram uso das redes sociais para criticar as manifestações da oposição, tratadas como violentas. Bolsonaro ainda compartilhou uma mensagem do presidente americano Donald Trump, que anunciou que designará o grupo antifascista Antifa como uma organização terrorista, em meio a sequência de protestos em várias cidades dos EUA pela morte de George Floyd, um homem negro que foi sufocado por um policial branco no último dia 25. 

    Em meio a tudo isso, o Brasil ultrapassou neste domingo a marca de meio milhão de infectados pelo coronavírus (514.849, segundo dados do Ministério da Saúde), atrás apenas dos Estados Unidos, que tem quase 2 milhões de afetados. O Brasil é o quarto país do mundo com mais mortes por coronavírus (29.314), atrás de Estados Unidos (com cerca de 104.000), Reino Unido (38.000) e Itália (33.000).

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    O presidente Jair Bolsonaro cavalga durante manifestação a seu favor em Brasília (Joédson Alves/EFE)

     

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