Nesta semana, o secretário de Saúde de Rondônia, Fernando Máximo, decidiu desabafar nas redes após a descoberta de um foco de contaminação em Porto Velho decorrente de uma festa realizada no dia 4 de abril. “Estou muito decepcionado, para não dizer revoltado. Não estavam trabalhando nem querendo levar o pão para casa. Na verdade, estavam se divertindo, colocando em risco a vida delas e a sua vida”, disse ele. Entre os participantes da balada, que ganhou o apelido de “Coronafest” e agora está sendo investigada pela polícia, estariam médicos e enfermeiros. Quinze pessoas que estiveram no evento testaram positivo, fazendo o número de casos saltar para 49 em Porto Velho, que proíbe aglomerações desde o dia 20 de março.
Em outras partes do país, também pipocam casos de desobediência à quarentena por parte de empresários e jogadores de futebol, como o atacante Alerrandro, ex-Atlético Mineiro e atual Red Bull Bragantino. O boleiro organizou recentemente uma festa com cerca de 30 pessoas em uma casa alugada em Lavras, no interior de Minas Gerais. Os vizinhos chamaram a polícia e ele foi conduzido à delegacia – e liberado em seguida. “Peço desculpas ao clube, aos torcedores, fiquem em quarentena, em casa, é necessário. Eu descumpri uma regra e peço desculpas”, disse Alerrandro em vídeo publicado pelo clube.
Em São Paulo, as casas de veraneio no litoral e os condomínios fechados no interior estão abarrotados de gente. Em São Sebastião (SP), que tem mais de 100 quilômetros de orla, a prefeitura precisou acionar batalhões da Guarda Municipal para expulsar banhistas na praia que têm um dos metros quadrado mais caros do litoral paulista, a da Baleia.
Segundo o prefeito Felipe Augusto (PSDB), São Sebastião está cheia, com 50.000 veranistas (a população local é de 87.000) que vieram passar a quarentena. No feriado de Páscoa, a lotação chegou a 300.000 pessoas. “O pior são os turistas. Esse é o nosso maior problema do momento. Alguns estão saindo do isolamento achando que vão poder pegar praia e jogar futebol na areia”, diz o prefeito, que também alerta para a aglomeração em mercados e farmácias da cidade. “Todo dia parece fim de semana”, relata um morador que vive em Guaecá, um dos balneários de São Sebastião.
Em Ilhabela, também no litoral norte de São Paulo, a Marinha faz fiscalizações diárias para interceptar lanchas que vêm do continente e tentam driblar a inspeção na balsa, que tem barrado a entrada de pessoas de fora sem justificativa. Moradores também relatam que, com as praias fechadas, as pessoas começaram a lotar as cachoeiras, que contam com pouca fiscalização.