O ex-deputado federal Alfredo Sirkis, de 69 anos, morreu em um acidente de carro na tarde desta sexta-feira, 10, por volta das 14h30, no Arco Metropolitano (BR-493), na altura de Nova Iguaçu, cidade da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), ele estava sozinho em um Volkswagem Polo, que capotou numa reta, saiu da pista e, em seguida, bateu em um poste. O veículo ficou completamente destruído. Jornalista, escritor, ambientalista e um dos fundadores do Partido Verde (PV), Sirkis estava a caminho de um sítio, em Vassouras, para encontrar a família.
Segundo a PRF, a perícia da Polícia Civil está no local e o corpo de Alfredo Sirkis será encaminhado para o Instituto Médico-Legal da capital. Sirkis iria visitar a mãe de 97 anos, em isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus. Ele é filho único, muito ligado a ela e costumava fazer o trajeto com frequência. Além disso, Sirkis também pretendia rever o filho que terminou mestrado recentemente nos Estados Unidos e está com a avó. Amigos disseram que Sirkis se programou para ir ao sítio neste fim de semana e saiu de casa por volta do meio-dia, horário que gostava de viajar. Ele também tem uma filha, que mora nos EUA.
Amigos desde os tempos em que ficaram exilados no exterior, o jornalista e ex-deputado federal Fernando Gabeira lamentou a morte prematura de Sirkis, com quem fundou o PV. “Ele era uma espécie de memória do movimento ambiental no Brasil e acabou de lançar um livro sobre o assunto. Sirkis tinha muito a contribuir e perdê-lo no auge de sua capacidade intelectual é uma tragédia”, disse Gabeira.
Em nota, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia falou sobre a morte de Sirkis, que foi secretário de Meio Ambiente no seu primeiro mandato, e de Urbanismo, no segundo. “Uma perda enorme. Um quadro de formação múltipla: ambientalista, político, escritor, gestor, nesse momento estava se relançando com novo livro de superação do Carbonário”, disse Maia.
Nas redes sociais, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) prestou solidariedade pela morte do ambientalista. “Dia triste para quem luta pela democracia e pelo meio ambiente. Perdemos o jornalista, escritor e ativista Alfredo Sirkis. Minha solidariedade à família e aos amigos. Vá em paz, Sirkis. Você fará muita falta ao Brasil”, escreveu.
Outro parlamentar que se manifestou foi o também deputado federal Marcelo Calero (PPS-RJ), que se referiu a Sirkis como um “apaixonado pela cidade do Rio de Janeiro”. “Notícia muito triste. Uma grande perda para o Rio. Sirkis era daqueles apaixonados pela Cidade, que conseguia unir técnica e sensibilidade ao pensar nosso futuro. Que Deus possa consolar sua família”, postou.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), também falou sobre a morte de Sirkis. “Estarrecida com a morte precoce de Sirkis num acidente de carro em Nova Iguaçu!!! Foi meu colega na Câmara e de diferentes lutas políticas no Rio. Cruzávamos ideias, um defensor ferrenho do Meio Ambiente. Minha total solidariedade à família e aos seus amigos”.
O prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) divulgou uma nota de pesar: “Alfredo Sirkis era um militante apaixonado por todas as causas que abraçava. Como secretário de Urbanismo e de Meio Ambiente da nossa cidade, sempre trabalhou por um Rio mais humano e solidário. Sua luta mais recente era contra as mudanças climáticas que tanto ameaçam nosso planeta. Tinha ainda muito a contribuir com sua experiência e dedicação. Neste momento de grande dor, peço a Deus que conforte sua família, amigos e admiradores.”
A ex-senadora Marinha Silva lamentou: “Uma perda irreparável para a luta socioambiental brasileira. O Sirkis foi pioneiro na defesa da ecologia, um defensor intransigente da democracia, um companheiro leal na defesa dos povos da floresta, principalmente através do Chico Mendes. Nos últimos 10 anos se dedicou de corpo e alma à questão das mudanças climáticas, buscando alternativas sustentáveis para essa crise ambiental global. Tudo que alcançarmos daqui para frente em relação ao desenvolvimento sustentável, seu legado será parte de tudo isso,. Uma perda irreparável para todos nós e sua família.”
Criado por Marina, a Rede Sustentabilidade também se manifestou: “Alfredo Sirkis é parte de nossa história e, mais que isso, é um dos ativistas históricos do movimento ambiental brasileiro e da luta pela construção e fortalecimento da democracia em nosso país”. O ex-deputado, que era judeu, foi homenageado pela página Judeus pela Democracia. “Lamentamos profundamente o falecimento de Alfredo Sirkis. De origem judaica, Sirkis foi um leão na luta pela democracia. Foi deputado e um dos mais importantes ambientalistas da história do Brasil. Nossa mais sincera solidariedade aos familiares e amigos.”
Alfredo Hélio Syrkis nasceu no Rio de Janeiro e era filho do casal de imigrantes judeus poloneses Herman Syrkis e Liliana Syrkis. O ex-parlamentar participou de manifestações contra a ditadura militar e se exilou no Chile, na Argentina e em Portugal na década de 1970. Sirkis trabalhou como jornalista das revistas VEJA e “Isto É” e dos jornais “O Globo”, “Folha de S.Paulo”, “Correio Braziliense”, “Valor Econômico” e “O Estado de São Paulo”.
Além de secretário municipal nas gestões de Cesar Maia, Sirkis atuou ainda como vereador por quatro mandatos e foi presidente do Instituto Pereira Passos. Na última década, foi Coordenador Executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima e, enquanto deputado federal, presidiu a Comissão Mista de Mudança do Clima do Congresso Nacional e foi um dos vice-presidentes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.
Na eleição presidencial de 2010, Sirkis foi um dos coordenadores da campanha de Marina Silva, mas saiu para se dedicar à própria candidatura a deputado federal pelo PV. Em 1998, ele concorreu à Presidência da República. No último dia 7 de julho, o ambientalista lançou o livro “Descarbonário”, um trocadilho com o livro de memórias “Os Carbonários”, publicado em 1979. Nesta nova obra, porém, saem de cena os protestos de 1968 para entrar a luta pelo clima.