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A boa e a má notícia para Lula, segundo pesquisa do PT

Estudo constatou que criminalização do partido "perdeu força", na opinião de eleitores que não gostam nem desgostam da legenda.

Por Rafael Moraes Moura, Letícia Casado Atualizado em 15 mar 2022, 09h22 - Publicado em 13 mar 2022, 10h49
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  • Criada em 1996, a Fundação Perseu Abramo foi aberta pelo Partido dos Trabalhadores como um espaço de “reflexão política e ideológica”, promoção de debates e fomento de estudos. A própria fundação afirma que tem como finalidade “a pesquisa, a elaboração doutrinária e a contribuição para a educação política dos filiados do Partido dos Trabalhadores e do povo trabalhador brasileiro”. Um levantamento recente da instituição lança luz sobre um tema dos mais espinhosos para os petistas — a corrupção —, assunto que o partido até hoje não sabe como lidar, após se envolver nos escândalos do mensalão e do petrolão.

    O estudo buscou captar as percepções da população brasileira “não polarizada”, considerada pelo PT como aqueles eleitores que não gostam nem desgostam do partido e que frequentemente são identificados como indecisos. A pesquisa qualitativa trouxe boas e más notícias para a legenda do ex-presidente Lula. A má é que a população identifica a corrupção como o principal problema da política nacional. A boa, se é que assim se pode dizer, é que os entrevistados não responsabilizam nenhum ator político em particular pelo problema. “A criminalização do PT perdeu força”, concluem os pesquisadores, que ouviram um universo de 64 pessoas com renda de até cinco salários mínimos para a realização de entrevistas.

    A palavra “corrupção” se repete 33 vezes ao longo do estudo do PT. A principal constatação é que, nesse campo, as críticas se dirigem ao sistema político como um todo, ou seja, um problema comum aos partidos. Se todos são culpados, ninguém, de fato, assume a responsabilidade pelos desvios. É uma situação, por ora, bem mais confortável do que aquela enfrentada pela sigla em 2018, quando Lula se entregou à Polícia Federal e foi cumprir pena de 12 anos e um mês na cadeia após ser condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

    De lá pra cá, mensagens do ex-juiz federal Sergio Moro e de procuradores colocaram em xeque investigações da Lava-Jato, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou que Lula não foi julgado com isenção e uma espécie de revisionismo histórico foi posto em prática para reparar a imagem do PT. Adversários do petista, no entanto, prometem trazer o tema à tona nesta campanha eleitoral, sabendo do potencial destrutivo do assunto. O Palácio do Planalto já tem em mãos um levantamento que deve servir de munição para o presidente Jair Bolsonaro (PL) atacar o petista, ao apontar que 70% dos brasileiros não contratariam um ex-presidiário para trabalhar em casa ou em sua empresa. A ideia é colar o selo de “ex-presidiário” no adversário, como forma de resgatar a memória dos escândalos que abalaram os governos Lula e Dilma Rousseff.

    “Tem gente que mesmo horrorizada com o Bolsonaro ainda desconfia muito do PT, sobretudo por questões dos escândalos de corrupção”, diz o cientista político Cláudio Couto, da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Reconhecer que houve casos sérios de corrupção durante as gestões do PT e que o partido não foi capaz de resolver isso, essa autocrítica deve ser feita”, acrescenta. Em entrevista a VEJA em junho do ano passado, o ex-ministro Gilberto Carvalho fez uma autocrítica pela metade, o que irritou Lula e repercutiu negativamente dentro do PT. “Claro que houve corrupção nos nossos governos, como há em qualquer governo, em qualquer instituição, empresa”, afirmou Carvalho.

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    Para se distanciar do debate da corrupção, o PT tem procurado priorizar o derretimento dos indicadores econômicos, a persistente inflação e a elevada taxa de desemprego para emplacar a narrativa de que, durante o governo Lula, a vida era melhor. O levantamento mais recente da empresa de consultoria Quaest aponta que, na avaliação dos eleitores, a economia é o principal problema do país hoje, seguido pela saúde e questões sociais, como a fome. A corrupção aparece apenas em quarto lugar.

    “Bolsonaro não tem moral para falar disso (corrupção), muito menos o bolsonarismo. Eles têm um Fabrício Queiroz para esconder, uma rachadinha e o aparelhamento absurdo por parte da Polícia Federal para tratar. A grande dificuldade do Bolsonaro é que esse discurso não enche a barriga de ninguém, não bota o prato de comida na mesa de nenhuma família, não gera emprego, não reposiciona o Brasil no mundo”, alfineta o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP).

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