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Usina São José foi responsável pela mortandade no Piracicaba, diz Cetesb

Laudo laboratorial comprova que alta quantidade de melaço da cana e água residual da limpeza de tanques baixou a quantidade de oxigênio no rio

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jul 2024, 16h55 - Publicado em 19 jul 2024, 13h07
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  • Apesar das constantes negativas da Usina São José sobre a responsabilidade no desastre ambiental no Rio Piracicaba, no interior de São Paulo, o laudo laboratorial da Cetesb divulgado nesta sexta-feira, 19, comprova vazamento de alta quantidade de material orgânico da empresa no afluente Tijuco Preto. A multa estipulada é de 18 milhões de reais, calculada pelo danos ambiental e pela não comunicação às autoridades do ocorrido. A empresa fica com o funcionamento suspenso até que cumpra as adequações estipuladas pela Cetesb no prazo de 60 dias. Caso não consiga, pode ter as atividades encerradas legalmente.

    A primeira evidência de uma substância suspeita nas águas, de cor amarelada e odor ruim, foi constatada na região do Rio Piracicaba chamada de Alto do Funil, onde funcionários da prefeitura e policiais encontraram os primeiros peixes mortos, no último dia 7, meio de um feriado estendido. O rastro da mancha levou a investigação ao Rio Tijuco Preto, onde fica a Usina São José. De acordo com o inquérito policial, a que VEJA teve acesso com exclusividade, a equipe pôde constatar o vazamento por meio de vestígios de melaço encontrados no meio do mato. Naquela altura, o vazamento já tinha sido controlado, mas havia indícios de vazamento dos tanques.

    A equipe descobriu que a empresa havia lavado um dos tanques, que apresentava muito melaço velho acumulado, e despejado a água no Rio Tijuco Preto. “A matéria orgânica levou à queda do oxigênio do Rio Piracicaba”, diz Mayra Fukushima, diretor da Cestesb. “E deve ter sido em grande quantidade para ter provocado tamanho estrago ambiental.” Para dimensionar os danos ambientais, a empresa enviou drones para monitorar a área, além de barcos. “Este foi o maior desastre ambiental que tivemos na região”, diz o prefeito de Piracicaba, Luciano Almeida. “Só conseguimos identificar o culpado porque houve celeridade nas investigações “Se as buscas tivessem saído dois dias depois o material orgânico teria se dissolvido. Esse foi o 15° evento com mortes de peixes no Piracicaba.”

    Baixa vazão do Piracicaba agravou desastre 

    Desde que houve a crise hídrica em São Paulo, em 2014, o Rio Piracicaba passou a ter vazão diminuída justamente para garantir o abastecimento do Sistema Cantareira. Na época, os governos assinaram outorga que vence em 2027. “Vamos lutar por uma vazão maior. Se o rio tivesse mais água, esse vazamento de matéria orgânica não causaria dano tão grande, pois o nível de oxigênio subiria mais rapidamente.”

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    O que diz a Usina São José

    A empresa informa que “recebeu o relatório da Cetesb e está avaliando o teor da decisão, bem como seus eventuais desdobramentos”. Também destaca que as operações da usina estavam interrompidas desde 2020, e que foram retomadas somente em maio deste ano. E afirma em nota que “adota as melhores práticas do ponto de vista ambiental e não poupa esforços para colaborar plenamente com a Cetesb, a Polícia Ambiental e o Ministério Público”.

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