Na COP27, lobby de fósseis bate recorde de participantes
Número de representantes do setor aumentou 25% em comparação com o ano passado

Lobistas ligados à indústria de exploração de combustíveis fósseis marcaram presença em peso na COP27. De acordo com um relatório divulgado nesta quinta-feira, 10, pela organização Global Witness, em parceria com os grupos Corporate Accountability e Corporate Europe Observatory, 636 participantes da conferência do clima em Sharm el-Sheikh, no Egito, têm alguma associação com empresas com atividades comerciais significativas em combustíveis fósseis, ou que estão participando das palestras como parte de um órgão comercial que representa interesses de combustíveis fósseis.
Em comparação com a participação na COP26, na Escócia, houve um aumento de 25% nos delegados do setor. O único país que tem mais delegados registrados no evento é o Emirados Árabes, que sediará a cúpula do clima no ano que vem, com 1.070 delegados. Além disso, há duas vezes mais lobistas de combustíveis fósseis do que delegados do eleitorado oficial da ONU para os povos indígenas.
O levantamento feito pelas organizações é uma forma de chamar a atenção para o conflito de interesses nas COPs e para que as autoridades restrinjam o papel dos lobistas de combustíveis fósseis na conferência, da mesma maneira como acontece com a proibição internacional dos lobistas da indústria do tabaco na política de saúde pública.
De acordo com o grupo Kick Big Polluters Out (expulse os grandes poluidores, em inglês), que faz campanha para que os representantes das indústrias de petróleo e gás sejam banidos, “a influência dos lobistas dos combustíveis fósseis é maior do que os países e comunidades da linha de frente. Delegações de países africanos e comunidades indígenas são ofuscadas por representantes de interesses corporativos”.