As queimadas continuam a proliferar no Brasil, devido principalmente às secas ocasionadas pela mudança climática. O WWF-Brasil divulgou nesta sexta-feira, 2, o balanço de julho dos incêndios nos principais biomas brasileiros, que mostra a Amazônia novamente como foco de más notícias. A região teve a maior quantidade de queimadas já registrada neste mês desde 2005. Na comparação com os últimos dez anos, o número dobrou. Esse marco de queimadas se deve principalmente ao agravamento dos incêndios nos últimos oito dias de julho, que concentraram metade dos focos registrados ao longo do mês, totalizando 11 mil. “Como acontece no Pantanal, os incêndios da Amazônia também são resultado da ação do homem”, diz Osvaldo Barassi Gajardo, especialista em conservação do WWF-Brasil.
Locais mais atingidos foram Amazônia e Pará
Maior concentração de incêndios coincide com maior desmatamento, de acordo com dados do Inpe:
- Amazonas concentrou 37% dos incêndios e 42% dos desmatamentos
- Pará ficou com 29% das queimadas e 27% da devastação vegetal
No balanço do semestre, a Amazônia concentrou 44,8% de todos os incêndios da região. Geralmente, o aumento das queimadas coincide com o avanço do desmatamento. “Quando se evidenciam impactos causados pelo homem, principalmente na abertura de área, decorrente de grilagem e invasão, no ano seguinte costuma-se limpar o terreno com fogo”, explica Gajardo. Foi o que aconteceu, por exemplo, em 2003, 2004 e 2005.
Mas condições extremas de seca, como a que acontece desde setembro do ano passado, somada ao mau uso do fogo, aumentam a complexidade da situação. Apesar de o desmatamento ter caído neste ano, o fogo se espalhou com mais facilidade do que normalmente acontece. Especialistas ressaltam a importância de políticas públicas que protegem e dão condições para os povos originários trabalharem pela conservação do território, que para eles é sagrado e não uma ferramenta de exploração econômica. “Os povos indígenas e seus territórios têm um papel crucial na conservação dos biomas brasileiros, barrando o avanço do desmatamento e das queimadas”, diz Juliana Miranda, especialista de Políticas Públicas do WWF-Brasil. Na próxima segunda-feira, 5, o Supremo Tribunal Federal realiza a primeira audiência de conciliação no caso do julgamento do marco temporal. “A derrubada de tal normativa é urgente, pois sua vigência resultaria no aumento da destruição da nossa biodiversidade e em ameaça à sobrevivência de povos e culturas em todo o país”, afirma.