Enquanto a Cetesb investiga as causas da mortandade de peixes no Rio Piracicaba, no trecho do município paulista homônimo, a prefeitura da região tem outra missão urgente: retirar as carcaças encalhadas na extensão de mais de 10 quilômetros. Especialistas do governo percorreram, nesta quinta-feira, 18, o rastro da destruição ambiental com a ajuda de um barqueiro, que é pescador, e agora está sem sua principal fonte de renda. O grupo foi avaliar a logística necessária para retirada dos cadáveres. No percurso, detectaram seis pontos críticos, localizados na região de preservação, batizada de minipantanal, pela concentração de áreas alegadas. É justamente nas ilhas dessa região que os peixes mortos estão encalhados. Muitos deles se enroscaram na vegetação, que emerge das águas devido à falta de chuvas e à baixa das águas.
A equipe levou para o local um trator aquático, que começa os trabalhos nesta sexta-feira, 19, mas não será suficiente. A quantidade de peixes é muito maior do que imaginavam. Há uma semana, uma força tarefa –montada pela Polícia Militar Ambiental, equipes da Cetesb, e o Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Jundiaí e Capivari –retirou 3 toneladas de carcaças que se acumularam na área urbana. “Dessa vez o montante é muito maior. Estamos avaliando outras possibilidades que ajude o trabalho do trator”, diz Tássia Espego, secretária de Governo. Estima-se dezenas de toneladas.
Peixes mortos podem piorar a condição o rio
A retirada dos cardumes mortos é urgente, pois podem trazer mais danos para o meio ambiente. As águas ainda estão com a oxigenação abaixo do recomendado e as carcaças encalhadas contribuem para diminuí-la ainda mais. Além disso, a matéria orgânica pode contaminar o meio ambiente, afugentando outros animais que se alimentam ali, como os pássaros, o que aumenta o desequilíbrio. Ambientalistas estimam que o rio deve demorar de dez a vinte anos para se recuperar.
Motivos da mortandade
O tamanho do estrago provocado pelo rio pode ter como causa uma carga excessiva de poluente. “O rio é muito extenso e se recuperaria rápido se fosse uma quantidade já prevista pela Cetesb”, diz a professora da Unicamp, Cassiana Montagner. Outra possibilidade levantada é esse poluente ter reagido com outro despejado nas águas clandestinamente. A Cetesb deve concluir o laudo na sexta-feira, 19, e tirar as dúvidas sobre a substância e o autor da mortandade. O principal suspeito, segundo a Cetesb, é a Usina São José, que fica na região. O Ministério Público de São Paulo solicitou um relatório conclusivo. A pena pelo crime ambiental pode chegar a R$ 50 milhões.