Desmatamento na Mata Atlântica cai 55% em 2024, mas zerar destruição é desafio
Ainda assim, entre janeiro e junho foram destruídos 21.400 hectares de área de vegetação do bioma
Relatório divulgado nesta segunda-feira, 18, aponta para uma redução de 55% no desmatamento do bioma entre janeiro e junho de 2024, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Entre janeiro e junho, foram destruídos 21.401 hectares de áreas verdes do sistema, o equivalente a 20 000 campos de futebol. No mesmo período de 2023, a destruição foi de 47.896 hectares.
O monitoramento é realizado pelo Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD), uma parceria entre as ONGs Fundação SOS Mata Atlântica, Arcplan e o MapBiomas.
De acordo com o relatório, a redução significativa se deve, em grande parte, ao fortalecimento da fiscalização, ao corte de crédito para desmatadores ilegais e ao uso de embargos remotos, como são chamadas as restrições aplicadas a áreas desmatadas detectadas por monitoramento à distância, impedindo seu uso comercial.
Segundo o MapBiomas, restam 24% da cobertura florestal original da Mata Atlântica.
Essa proporção está muito abaixo do limite mínimo aceitável para sua conservação, que é, segundo estudo publicado na revista Science, de 30%.
Além disso, as florestas estão restritas a espaços extremamente fragmentados – a maior parte não chega a 50 hectares – e, em 80% dos casos, estão em propriedades privada.
“O mapeamento do MapBiomas indica que atualmente o processo de regeneração da vegetação é maior que o desmatamento, o que é uma ótima notícia. No entanto, o desmatamento continua ocorrendo sobre florestas maduras, mais antigas, que contêm maior riqueza de espécies da flora e da fauna”, afirma Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas.
Diretor executivo da SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto considera os novos dados um alívio temporário, ressaltando a necessidade contínua de vigilância e ação. “A Mata Atlântica ainda está vulnerável e precisamos intensificar nossos esforços, principalmente no que se refere
à fiscalização, para garantir a integridade da vegetação nativa do bioma”, explica.
Ele lembra ainda que a proteção e o recuperação da Mata Atlântica, apontada pela ONU (Organização das Nações Unidas) como uma da 10 Iniciativas de Referência da Década da Restauração de Ecossistemas, são fundamentais para a garantia de serviços ecossistêmicos – como água, alimentos, saúde e bem-estar nas cidades – em uma região que abriga 70% da população brasileira e responde por 80% da economia nacional.
“Para o Brasil cumprir os compromissos firmados no Acordo de Paris, devemos alcançar o desmatamento zero em todos os biomas até 2030. A Mata Atlântica tem o potencial de ser o primeiro bioma brasileiro a fazer isso, com a chance de se tornar uma referência para o país e para o mundo no combate às crises ambientais e climáticas”, completa.