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Cinco grandes cidades do mundo que podem estar alagadas já em 2030

Se nada for feito para conter o avanço do aquecimento global, cidades costeiras podem perder parte de seu território para o mar

Por Matheus Deccache Atualizado em 10 nov 2021, 11h00 - Publicado em 9 nov 2021, 08h01
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  • O aquecimento global é um fenômeno que tem avançado cada vez mais rápido. A cada nova projeção, o tempo para reverter o quadro se torna menor e os efeitos das mudanças climáticas já podem ser sentidos de maneira cada vez mais intensa em todo o planeta. 

    O aumento da temperatura da Terra está fazendo com que as geleiras derretam com uma frequência muito além da projetada anos atrás e, por consequência, o nível do mar pode atingir níveis alarmantes antes do previsto. 

    De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, publicado em agosto deste ano, o nível do mar pode subir cerca de 2 metros até 2100, chegando a 5 metros em 2150 caso o cenário se mantenha o mesmo. 

    Além disso, ainda que as emissões sejam reduzidas, o mar continuará a subir e as consequências serão significativas. 

    Foi se apoiando no mesmo relatório que a Climate Central, ONG de notícias relacionadas à ciência do clima, criou um mapa interativo de forma a ilustrar como o caos no clima pode impactar as cidades costeiras já nos próximos anos.

    Apesar de possuir uma série de variáveis — dados incompletos, avanços significativos na redução das emissões, adaptações e soluções para conter o aumento da água –, o projeto traz um dado preocupante: cidades vulneráveis podem ficar alagadas já em 2030.

    Veneza

    Veneza inundada por enchente
    Flood at dawn in San Marco Quarter in Venice, Italy. (RelaxFoto.de/Getty Images)
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    Fundada sobre uma série de ilhotas, a milenar cidade de Veneza, na Itália, é um dos pontos mais vulneráveis do planeta. O crescimento desordenado e a enorme quantidade de áreas aterradas torna Veneza particularmente frágil ante a subida das marés, sendo alagada de tempos em tempos.

    A esse fenômeno corriqueiro, comum particularmente no outono e inverno, chama-se de acqua alta.

    O problema é que as mudanças climáticas tem colaborado de forma decisiva para o aumento do nível dos mares ao provocar o derretimento das calotas polares. 

    De 1890 para cá, o nível do mar aumentou 32 centímetros na capital da região de Vêneto, onde se localiza a bela cidade. Para se ter uma ideia do quão grave é a situação por lá, cientistas calculam que basta uma elevação de 50 centímetros no nível das águas para que a Praça São Marco fique permanentemente alagada. 

    Além disso, a região sul da Europa tem sofrido a incidência de tempestades cada vez mais intensas. Na última semana, um temporal despejou o equivalente a um ano de chuva sobre a cidade de Catania, na Sicília. 

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    Numa tentativa de conter o avanço das águas, os venezianos criaram um sistema de “impermeabilização” chamado Mose, composto por 78 comportas para proteger a cidade das ondas crescentes. O sistema, até aqui, tem funcionado. 

    Amsterdã

    Afsluitdijk, barreira de 32 quilômetros que segura o avanço do Mar do Norte
    Barreira de 32 quilômetros que segura o avanço do Mar do Norte sobre a Holanda (JaySi/Getty Images)

    Notável por ser extremamente plana e abaixo do nível do mar, a geografia da Holanda representa, há séculos, um desafio para a existência do país.

    Cerca de metade de seu território fica a menos de um metro acima do nível do mar e algumas regiões estão, de fato, abaixo deste nível. É o caso da capital, Amsterdã. 

    Uma das soluções encontradas por lá foi a criação de uma barreira para conter o Mar do Norte.

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    Há 80 anos, um dique com 32 quilômetros foi erguido para impedir o avanço das águas em dias de mar revolto. 

    No entanto, pesquisadores holandeses vêm alertando que o aumento do nível do mar pode fazer com que a tecnologia fique obsoleta.

    E que não seja mais suficiente para manter a metrópole protegida. 

    Nova Orleans

    Nova Orleans submersa após passagem de furacão; diques falharam em proteger a cidade de inundações
    Nova Orleans submersa após passagem de furacão; diques falharam em proteger a cidade de inundações (joeynick/Getty Images)

    A exemplo de Amsterdã, Nova Orleans também conta com um sistema de diques para mantê-la protegida.

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    Isso porque a metrópole símbolo do jazz é cercada por três rios e está bem próxima ao Golfo do México, notório por seus potentes furacões.  

    A cidade já sofreu um dos maiores desastres climáticos da era contemporânea, o furacão Katrina, em 2005. A catástrofe deixou um rastro de 1.800 mortes e prejuízos da ordem de 125 bilhões de dólares, o maior da história dos Estados Unidos.

    Nova Orleans ficou submersa porque seu sistema de diques falhou por completo. Para resolver o problema, o governo americano gastou 14 bilhões de dólares para criar um sistema mais moderno, capaz de segurar a maré mesmo em caso de furacões violentos. 

    O problema é que, a cada ano, as tormentas que fustigam a América Central, o Caribe e a América do Norte estão mais potentes. E o ganho de força vem sendo atribuído à subida nos termômetros globais.

    Como consequência, é crescente a quantidade de climatologistas que alertam que a frequência de furacões de grande porte pode ser tão grande que torne inútil a construção de diques. 

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    Bangkok

    Enchentes são constantes em Bangkok, Tailândia
    Monções cada vez mais intensas vêm complicando a vida em Bangkok, na Tailândia (Krashkraft Vincent/Getty Images)

    Cientistas acreditam que Bangkok, a populosa capital da Tailândia, 11 milhões de habitantes, é hoje a cidade mais atingida pelo caos no clima.

    Bangkok está a apenas 1,5 metro acima do nível do mar e sofre do mesmo problema de Veneza: seu território afunda cerca de dois a três centímetros por ano. Em alguns bairros mais críticos, o afundamento já supera um metro.

    Erguida sob uma camada de argila mole acima de um pântano, ela pode sumir por completo já no próximo século, com todo o seu terreno sendo engolido pelo mar. 

    De acordo com as estimativas do Climate Central, grande parte da capital será submersa até 2030 caso o cenário permaneça o mesmo, incluindo a área onde está localizado o principal aeroporto do país.

    A elevação do nível do mar e os eventuais danos irreversíveis a uma infraestrutura já prejudicada poderão causar a migração de milhões de pessoas. 

    Ho Chi Minh 

    Cidade do Vietnã tem áreas próximas a pântanos
    Região central de Ho Chi Minh: cidade tem bairros feitos em cima de argila (Ho Ngoc Binh/Getty Images)

    A cidade ao sul do Vietnã tem uma elevação média de 19 metros e, se comparada às outras cidades em risco, pode não parecer um problema.

    No entanto, seus distritos a leste, construídos sobre área pantanosa, estão sob ameaça de desaparecer até 2030. 

    Ainda que a sua área central dificilmente seja inundada, o aumento do nível do mar poderá potencializar ainda mais os eventos climáticos, cada vez mais frequentes devido às mudanças causadas pelos seres humanos. 

    Inundações, tempestades tropicais e a infiltração de água salgada no lençol freático poderá inviabilizar o cotidiano em boa parte da cidade vietnamita. 

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