Em defesa da cloroquina
Defendida pelo governo, a intervenção em fase inicial, que inclui a cloroquina, cresceu com a criação de um grupo de apoiadores do novo protocolo
A recente chancela do Ministério da Saúde para o tratamento precoce do novo coronavírus, logo no início da doença, foi uma das decisões mais polêmicas na história da pandemia no país. Em especial pela escolha de remédios não indicados originalmente para a infeção — a azitromicina, um anti-inflamatório, e a conhecidíssima cloroquina. O protocolo médico ganhou adeptos (e acaloradas discussões) com a criação de um conselho científico com nomes de peso que defende a ação terapêutica.
Capitaneado pelo empresário e empreendedor social Carlos Wizard Martins, o grupo reúne cerca de 10 000 profissionais dos mais variados estados e hospitais brasileiros, imbuídos nos estudos e na divulgação do procedimento por todo o país. Em maio, Wizard Martins chegou a ocupar a função de conselheiro informal no Ministério da Saúde, mas deixou a pasta depois de poucos e ruidosos dias. “O tratamento, infelizmente, se tornou ideológico e isso tem que acabar”, diz ele. “Perdi um sobrinho de 48 anos com Covid-19. Ele chegou a procurar auxílio médico no início dos sintomas e o mandaram para casa. Pouco tempo depois a doença se agravou de forma drástica. As pessoas não podem colocar aspectos políticos acima da vida”.
A medicação ganhou antipatia de parcelas de cidadãos à esquerda ao ser defendida ardorosamente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou ter tomado o remédio profilaticamente, como faria depois Bolsonaro. E, para bagunçar o coreto, convém lembrar que a cloroquina foi amplamente defendida por Nicolás Maduro na Venezuela. O melhor a fazer, portanto, como recomendam os médicos, é subtraí-la de toda conotação partidária. A cloroquina não deve ser levada ao palanque. No Brasil, cerca de 3 milhões de comprimidos foram distribuídos no país, fabricados pela Fundação Oswaldo Cruz e pelo Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército.