‘Dumbo’: muito visual e encanto, nem tanta emoção
Acompanhe o 'Em Cartaz' dessa semana com a colunista de VEJA Isabela Boscov
É duvidoso que hoje uma criança – ou um adulto – conseguisse atravessar os breves 64 minutos de ‘Dumbo’, o desenho lançado por Walt Disney em 1941, sem se aborrecer com os números musicais intermináveis e a enorme quantidade de personagens supérfluos. Mas o elefantinho… Nele, os animadores do estúdio colocaram toda a sua arte, e também toda a sua capacidade de ferir a plateia com uma facada no coração: ridicularizado, desprezado e humilhado por causa de suas orelhas enormes, o filhote nascido no circo é separado de sua mãe (que, por sua vez, vai parar numa jaula escura, presa por correntes) e tem de fazer sozinho seu caminho num mundo terrivelmente hostil, com a ajuda apenas do ratinho Timóteo.
É de cortar o coração, de verdade (no ano seguinte, aliás, Disney colocaria seus pequenos espectadores em choque com a morte da mãe de Bambi). Já a versão live action do diretor Tim Burton não aborrece ninguém – tem o visual rico que é característico do diretor, um elenco forte (Colin Farrell, Eva Green, Danny DeVito e Michael Keaton, entre outros), aquele clima entre o sonho e pesadelo que é outra das marcas registradas de Burton – e, claro, um Dumbo magistralmente executado em computação gráfica.
O que lhe falta, no entanto, é aquela combinação de enternecimento e dor pura, sem diluição, com que o desenho pega a plateia desprevenida e, de certa forma, tão indefesa quanto o próprio protagonista.