Pandemia impulsiona influenciadores e conteúdos para pets nas redes
O Brasil tem hoje o segundo maior mercado de produtos para animais domésticos do planeta; interesse pelos bichos gera engajamento recorde em posts do tema
As redes sociais não foram as únicas responsáveis por transformar bichinhos fofos e engraçados em celebridades. Afinal, o cinema e a televisão já fazem isso há anos. Mas com certeza ajudaram a impulsionar o fenômeno. Há quase 10 anos, alguns pets alcançaram o status de influenciadores digitais, antes mesmo da criação do termo, com milhões de seguidores acompanhando suas postagens, comprando produtos licenciados e compartilhando as novidades. E agora a pandemia ajudou a levar esse segmento a um novo patamar de popularidade.
Ao olhar para os números do setor fica claro entender seu apelo. Segundo dados do Instituto Pet Brasil, o segmento fatura em média R$ 35 bilhões por ano. Um levantamento da Euromonitor International apontou que, em 2020, o Brasil se tornou o segundo maior mercado de produtos pet do planeta, com 6,4% de participação global, à frente do Reino Unido. Os Estados Unidos continuam em um distante primeiro lugar, com 50% do total.
A emergência sanitária e o isolamento social só potencializaram o que já era um mercado promissor. Uma pesquisa feita pelas empresas DogHero e Petlove em junho de 2021 mostrou que 54% dos brasileiros adotaram um pet após o início da pandemia. Do total, 19% nunca tiveram cão ou gato, 31% tiveram algum bicho ao longo da vida e 50% decidiram aumentar a família já existente.
“O comportamento dos usuários nas redes sociais e o consumo de conteúdo também mudou. Nos períodos de 2019 e começo de 2020, nichos como lifestyle e viagens estavam em alta”, afirma Felipe Oliva, CEO da Squid, empresa de tecnologia com foco em marketing de influência. “Com o início do isolamento, temas como ‘pets’, ‘decoração do lar’ e ‘literatura’ ganharam muito mais evidência”, conta. Segundo o empreendedor, em momentos de incerteza os usuários tendem a buscar conteúdos mais leves, como os vídeos de bichos fofinhos.
Com esse movimento, as oportunidades para os influenciadores do mundo pet também aumentaram. De acordo com dados da própria Squid, entre agosto e setembro de 2021 o segmento ficou em 1ª lugar na taxa de engajamento média do Instagram na categoria “post” e em 8º lugar na categoria “stories”. “Identificamos o crescimento de conteúdos espontâneos, que oferecem leveza e bom humor”, afirma Oliva.
As redes estão repletas de casos de sucesso. Chico, o felino que é a estrela do perfil Cansei de Ser Gato, tem mais de 580 mil seguidores no Instagram. Pioneiro entre os influenciadores pet, aparece em fotos divertidas e conta com uma linha completa de produtos para animais em um e-commerce próprio. A gata Nala, a maior do Instagram, tem 4,3 milhões de seguidores – suficientes para garantir um Guinness – e lançou até a ração própria. E há espaço para outros animais, como alpacas e porcos.
Talvez o caso mais famoso seja o de Choupette, a gata do estilista Karl Lagerfeld (1933-2019). Após a morte do designer, ela ficou com parte de sua herança. Hoje, ela tem uma equipe com três pessoas, além de um gerente para suas redes sociais, onde é acompanhada por 300 mil pessoas. Hoje, sua fortuna é estimada em R$ 460 milhões.
Mas engana-se quem pensa que só de poses engraçadas e mimos luxuosos vive esse mercado. Há muita gente séria que usa a própria influência para falar de cuidado animal e adoção responsável, além de arrecadar recursos para ONGs. A ativista Luisa Mell é seguida por 4 milhões de pessoas, que fazem denúncias de maus tratos e se comovem com as histórias de animais resgatados. E ela não está sozinha. Pets influenciadores também divulgam para seus fãs campanhas importantes e fazem doações para instituições que trabalham na área. Em um momento em que mais gente quer adotar um companheiro animal, esse tipo de conteúdo ajuda a mostrar que o compromisso é sério, mas o retorno é garantido para quem se dedica aos seus bichinhos.