“O streaming ainda vai crescer muito no mundo. Estamos só no começo”
Segundo Doug Scott, executivo da Twitch, a popularidade das transmissões ao vivo de streamers como o brasileiro Gaulês vão atrair um público crescente

Com 140 milhões de usuários, a Twitch é hoje a maior plataforma de transmissão de conteúdo ao vivo do mundo. É nela que fenômenos como Alexandre Gaulês e outros produtores brasileiros vem se destacando entre os mais assistidos do planeta. Aos poucos, o modelo de lives contínuas está substituindo o papel da televisão para uma nova geração de espectadores. A Twitch também vem se inspirando em outras redes para ampliar seu mercado, como o recente lançamento do feed de vídeos semelhante ao TikTok.
Mas há desafios nesse processo, como garantir a segurança das transmissões em um ambiente digital em que muitos ainda acreditam que é possível manter o anonimato.
Em entrevista a VEJA durante sua passagem pelo Brasil, o executivo Doug Scott, diretor de experiências do consumidor, falou sobre as ferramentas disponibilizadas para os streamers e o futuro das transmissões ao vivo.
Você já está trabalhando na Twitch há quatro anos. Como sua experiência em outras plataformas de vídeo, música e games ajudou a Twitch a expandir sua estratégia e buscar novos públicos?
A verdade é que não sei se a estratégia da Twitch mudou nos últimos anos. Sempre buscamos oferecer as melhores ferramentas para os criadores. Eles são o centro de tudo que fazemos. Porque é a partir deles que as comunidades se formam. O que fazemos é garantir que essas comunidades sejam seguras, e que a plataforma seja recompensadora para os criadores.
Há uma diversificação dos conteúdos gerados na plataforma?
Você não me ouviu falar de games antes. E isso porque existe um pouco de tudo na Twitch. As categorias além dos games estão crescendo muito rapidamente, e de forma orgânica. No Brasil, por exemplo, há uma procura crescente por esportes. Nossa categoria principal, na verdade, é o chat. Há uma transmissão para todos os gostos. É claro que o setor de games é muito importante para nós, mas não queremos oferecer ferramentas apenas para esses criadores, mas para todos.
Como garantir que o ambiente digital é seguro e inclusivo para todos os públicos?
Segurança é um dos principais focos de nossos investimentos. Criamos iniciativas tando do ponto de vista de produto, como a nossa Community Health, quanto na equipe de Trust and Safety, que cuidam de nossas política de segurança. Fazemos diferentes tipos de investimento. Em tecnologia, por exemplo, criamos o Shield Mode, que o streamer pode acessar para se prevenir de visitantes indesejados em suas transmissões. Há sempre mais. Vamos continuar investindo sempre.
Para muitos, o streaming vem substituindo a televisão como principal canal de entretenimento. Como você vê esse momento de transição que vivemos?
Sou muito otimista. Acho que estamos apenas começando. Muitas pessoas ainda não tiveram a oportunidade de acompanhar uma transmissão ao vivo, e tenho certeza de que quando isso acontecer elas vão adorar. Por isso estamos crescendo tanto, de forma tão orgânica. Durante a pandemia, muitas pessoas buscaram outras formas de entretenimento. E quando encontraram a Twitch, se conectaram com peessoas de interesses semelhantes. Criaram amizades, e essas relações duram. Acredito que o streaming ainda vai crescer muito graças à maior quantidade de conteúdo sendo criado, ferramentas melhores para a produção de conteúdo, bem como maneiras mais eficientes para que esses criadores sejam remunerados.
Como fazer isso?
É uma jornada. Primeiro, temos ferramentas para ajudar os criadores iniciantes a criar bons conteúdos. Em seguida, oferecemos elementos para que os criadores sejam descobertos, como a edição de clipes mais curtos que podem ser publicados em outras redes sociais. À medida que os criadores desenvolvem suas comunidades, há outros serviços. Monetização, por exemplo. Como trazer patrocinadores para ampliar sua receita. Também é um processo. Temos sempre novidades.