O próximo objeto de desejo do brasileiro: a TV transparente
Ela foi criada para decorar o lar, oferecer serviços em restaurantes e tornar a viagem de trem mais agradável — além, é claro, de exibir séries e filmes
Brasileiro adora televisão. Não importa se é para ver filmes e séries em plataformas de streaming, programas de auditório ou jogo de futebol: o aparelho inventado na Alemanha há mais de 85 anos ainda hoje é a estrela da sala. A despeito da classe social, brasileiro gosta também de tecnologia e tela grande: 60% dos televisores vendidos no país são de 50 polegadas. É de se esperar, portanto, que o mais novo produto apresentado em janeiro na feira de eletroeletrônicos voltada para o consumidor — a Consumer Electronic Show, em Las Vegas, Estados Unidos — vire objeto de desejo assim que for posto à venda. Trata-se da primeira televisão com tela inteiramente feita de vidro e grau de transparência de 40%. É como ter uma peça de decorativa em casa, além da utilidade óbvia à qual ela foi destinada, ou seja, exibir imagens.
A invenção da sul-coreana LG traz o que há de mais avançado em película Organic Light-Emitting Diode (Oled), tecnologia que oferece ainda mais qualidade do que as já bem conhecidas telas finas de LCD e LED, que revolucionaram o mercado, jogando no esquecimento os antigos, pesados e desengonçados aparelhos de tubo. A tela Oled, que já é usada nos produtos top de linha da LG (inclusive smartphones), tem de fato um componente orgânico em sua fabricação, como evidencia o nome em inglês. Prensada entre placas de vidro, como se fosse uma fatia de queijo em um sanduíche, a película luminescente de carbono confere muito mais nitidez e contraste. No formato de 55 polegadas, a TV parece mais um aquário no meio da sala de estar quando está no modo transparente. Se programada para exibir peixes, por exemplo, é essa a sensação que o usuário terá.
A tela fica escamoteada na base e sobe somente quando acionada, assim como o vidro elétrico em automóveis. Se colocada na frente da cama, serve como um refletor suave que ilumina o quarto. A base é leve e transportável, e o vidro pode ser acionado até a metade, a fim de mostrar somente a hora, a agenda do dia e a temperatura — sempre deixando a sensação de espaço aberto tão requisitada aos arquitetos nas residências modernas. O que fazer com o dispositivo quando a pessoa quiser simplesmente assistir a um filme? Como quase tudo na vida, a resposta está no apertar de um botão: no modo sem transparência, um painel escurece a parte de trás da TV, permitindo o uso como qualquer outra Oled do mercado. Além disso, o fabricante promete som de cinema instalado na base, com televisão e home theater integrados.
Robótica em todo lugar
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As aplicações da TV transparente, no entanto, talvez sejam ainda mais promissoras fora de casa. Instalada em balcões de bares ou como divisórias de baias em restaurantes, ela ofereceria a profundidade e o conceito aberto dos quais ambientes assim não podem prescindir, ao mesmo tempo que proporcionaria aos clientes entretenimento e opções do menu. Substituindo janelas de trem e metrô, garantiria a transparência para contemplar a paisagem, além do acesso a informações sobre a rota, notícias e mapas ao alcance de um dedo.
Quanto custará a TV transparente se ela chegar ao mercado este ano ou em 2022? É impossível conseguir do fabricante uma projeção de preço na fase de conceito ou pré-lançamento, mas exemplos recentes dão algumas pistas. A primeira televisão de altíssima resolução da LG, de 84 polegadas, chegou ao Brasil em 2012 por 45 000 reais. Hoje em dia, um modelo mais avançado e de tamanho semelhante sairia por aproximadamente 12 000 reais. É razoável imaginar que um produto inovador ficaria nessa faixa de preço nos primeiros anos após o lançamento. Afinal, tecnologias apresentadas ao mercado costumam custar caro. Isso, porém, não deve tirar a magia da tela transparente.
Publicado em VEJA de 10 de fevereiro de 2021, edição nº 2724
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