Mais veloz que o som: como a americana Boom quer popularizar os voos supersônicos
Pela primeira vez, o avião XB-1, desenvolvido pela startup, superou a velocidade Mach 1; empresa defende "voos para qualquer lugar em quatro horas e a US$ 100"

Fundada em 2014, a startup americana Boom surgiu com a ousada proposta de não apenas retomar os voos supersônicos, mas democratizar o acesso a eles. Na terça-feira, 28, a empresa atingiu um marco importante. Sua aeronave XB-1 superou, pela primeira vez, a barreira do som.
“Hoje, o XB-1 decolou no mesmo espaço aéreo sagrado onde o Bell X-1 quebrou a barreira do som pela primeira vez em 1947. Estava ansioso por este voo desde que fundei a Boom, em 2014, e ele determina o mais significativo marco alcançado até agora em nosso caminho para levar viagens supersônicas a passageiros em todo o mundo”, afirmou o fundador da empresa, Blake Scholl, em comunicado oficial.
O XB-1, comandado pelo chefe dos pilotos de teste, Tristan “Geppetto” Brandenburg, decolou do Porto Espacial e Aéreo de Mojave e acelerou para Mach 1,122 (velocidade real de 652 nós ou 1.200 quilômetros por hora), cerca de 10% mais rápido que a velocidade do som, aproximadamente 12 minutos após o início do voo de teste.
Antes, a velocidade máxima alcançada pelo XB-1 foi Mach 0.95, logo abaixo da barreira da velocidade do som. A Aeronave já fez 12 voos, todos bem-sucedidos, desde que começou a voar, em março de 2024. O momento é histórico, já que trata-se do primeiro jato supersônico civil construído na América e o primeiro jato supersônico desenvolvido de forma independente no mundo a alcançar tal feito.
O XB-1 é o precursor do Overture, que será o primeiro avião supersônico comercial da Boom. O objetivo da empresa, segundo Scholl, é que qualquer um possa “voar para qualquer lugar do mundo em quatro horas por US$ 100“. O fundador da empresa também acredita que os voos supersônicos vão substituir os voos convencionais completamente nas próximas décadas.
Segundo Scholl, os voos seriam baratos por conta da eficiência. “Um avião mais rápido é muito mais eficiente em termos humanos e muito mais eficiente em termos de capital. Você pode fazer mais voos, com o mesmo avião e tripulação, reduzindo significativamente todo o custo. Se tivermos aviões mais rápidos, não precisamos de tantos”, disse ele, em entrevista à CNN.
A Boom espera que o Overture esteja em operação até o final da década. Embora ainda esteja longe de se tornar realidade, mais de 130 unidades já foram encomendadas pela American Airlines, United Airlines e Japan Airlines.
A ambição da Boom é que a Overture cumpra mais de 600 rotas internacionais, seja capaz de carregar até 80 passageiros e voe a uma velocidade Mach 1.7 (quase 2.100 quilômetros por hora, praticamente o dobro da velocidade das aeronaves subsônicas da atualidade).
Outras empresas tentaram reviver os gloriosos tempos de voos supersônicos como o do Concorde, que decolou pela primeira vez em março de 1970 e pousou de forma definitiva em novembro de 2003. Mas até agora nenhuma teve sucesso.
Assista ao voo supersônico do Boom XB-1: