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Imagens no estilo da animação japonesa ‘A Viagem de Chihiro’ esquentam debate sobre IA

Ferramenta do ChatGPT viraliza ao imitar traço de Hayao Miyazaki, mas levanta críticas de artistas e especialistas sobre uso indevido de obras protegidas

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 mar 2025, 10h49 - Publicado em 28 mar 2025, 14h30

Uma nova ferramenta de geração de imagens do ChatGPT, lançada nesta semana pela OpenAI, tem permitido que usuários transformem memes, fotos pessoais e até cenas de filmes em versões com traço semelhante ao dos longas do Studio Ghibli, como A Viagem de Chihiro e O Castelo Animado. A viralização foi instantânea: em poucas horas, redes sociais como X (ex-Twitter) e Instagram se encheram de imagens com olhos grandes, tons suaves e traços delicados, típicos da estética criada por Hayao Miyazaki.

O CEO da OpenAI, Sam Altman, entrou na onda e trocou sua foto de perfil por uma versão Ghibli de si mesmo. A empresa afirmou, em documento citado pela agência AP News, que sua tecnologia adota uma “abordagem conservadora” para evitar imitar o estilo de artistas vivos, mas permite que usuários explorem o que chama de “estilos de estúdios mais amplos” — o que, na prática, abre caminho para a chamada “ghiblificação” das imagens.

O que dizem os críticos sobre o uso desse estilo por IA?

As críticas não demoraram a aparecer. Hayao Miyazaki, cofundador do Studio Ghibli, já expressou publicamente seu repúdio à ideia de usar inteligência artificial para gerar animações. Em um vídeo de 2016, ao assistir a uma animação grotesca feita por IA, Miyazaki disse estar “profundamente enojado” e concluiu: “Eu sinto fortemente que esse tipo de coisa é um insulto à própria vida”.

A artista Karla Ortiz, que cresceu assistindo aos filmes do estúdio e move uma ação judicial contra geradores de imagem por IA, classificou a tendência como ofensiva. “Estão usando o nome, a marca e a reputação do Ghibli para promover (os produtos da OpenAI). Isso é exploração”, disse ela em declaração reproduzida pela AP News. Ortiz também criticou o uso de uma imagem no estilo Ghibli pela conta oficial do governo Trump, que retratava uma mulher chorando após ser presa por agentes de imigração dos EUA. “Ver algo tão brilhante como o trabalho de Miyazaki ser destruído para gerar algo tão repulsivo”, escreveu ela nas redes sociais, acrescentando que espera que o estúdio “processe a OpenAI até o fim”.

Conta oficial do governo Trump, no X, retrata uma mulher chorando após ser presa por agentes de imigração dos EUA
Conta oficial do governo Trump, no X, retrata uma mulher chorando após ser presa por agentes de imigração dos EUA (Perfil oficial da Casa Branca dos EUA no X/Reprodução)
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A IA pode violar direitos autorais ao imitar um estilo visual?

A questão jurídica é complexa. Segundo o advogado Josh Weigensberg, ouvido pela AP News, há uma diferença entre estilo genérico e elementos visuais específicos que podem sim configurar violação de direitos autorais. “Você pode congelar um frame de O Castelo Animado ou A Viagem de Chihiro e apontar elementos que aparecem idênticos na saída da IA”, explicou. “Só dizer que estilo não é protegido por lei não encerra a discussão.”

O ponto central está em saber se a OpenAI treinou sua IA usando diretamente obras do Studio Ghibli — e, caso tenha feito isso, se houve autorização. A empresa não respondeu a essa pergunta quando questionada por jornalistas. Para o advogado Evan Brown, ouvido pelo portal TechCrunch, esse tipo de treinamento ainda está em uma zona cinzenta do ponto de vista legal, mas poderá ser definido nos tribunais nos próximos anos. Enquanto isso, usuários seguem publicando suas versões em estilo Ghibli de retratos de família, personagens históricos e memes famosos.

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