Cientistas mostram que espalhar fake news é como uma reação nuclear
Artigo descreve como a internet ajuda no processo, comparado a uma fissão atômica
A desinformação em todas as suas formas tem se revelado difícil de definir, compreender e medir. Ainda assim, nunca foi tão fácil espalhar informações falsas ou enganosas online, especialmente com o emprego de ferramentas de inteligência artificial pelos criminosos. A eficácia das políticas recomendadas por especialistas para combater essa tendência tem sido questionada. Por isso, é imperativo entender o modo como as fake news se espalham, até para combatê-las melhor. Um grupo de cientistas da Shandong Normal University parece ter encontrado um caminho no mínimo diferente.
Em um artigo publicado nesta terça, 30, na revista AIP Advances, os pesquisadores descrevem um novo modelo de propagação de rumores inspirando-se em reações nucleares. “Semelhante ao processo de fissão nuclear, a disseminação de notícias falsas também começa em um único ponto e gradualmente se espalha por toda a estrutura da rede”, explica a VEJA, disse o autor do estudo Wenrong Zheng. “Enquanto isso, a análise comparativa dos fatores de influência também pode ser conduzida, o que nos ajuda a entender melhor o processo de disseminação de rumores online.”
Como funciona?
Em geral, os modelos matemáticos que simulam a dispersão de fake news são adaptados de modelos epidêmicos, onde os rumores substituem os micróbios, pois são igualmente contagiosos. Embora amplamente úteis, os modelos existentes não conseguem capturar o quadro completo da disseminação de desinformação. Nessas equações, no entanto, a captação das informações é vista de modo passivo, nao levando em conta as mudanças comportamentais e psicológicas das pessoas no mundo real, bem como o impacto de eventos externos.
Essa nova perspectiva sobre a propagação de rumores pode oferecer insights sobre como os rumores tendem a se espalhar e o que os indivíduos podem fazer para mitigá-los. De acordo com os autores, a extensão da propagação de rumores está intimamente relacionada à proporção de usuários racionais da internet. “Isso reflete a importância da educação: quanto maior o nível de educação, mais fácil é questionar rumores ao receber informações difíceis de distinguir entre certas e erradas”, disse Zheng.
O que fazer?
Essa abordagem também pode ajudar a orientar governos e especialistas em mídia que buscam combater a desinformação. Os rumores se propagam em pequena escala no estágio inicial, então, as plataformas oficiais precisam realizar monitoramento em tempo real. Quando a possibilidade de rumores é detectada, o governo ou a mídia oficial deve verificar o conteúdo e fazer correções para que cidadãos racionais possam efetivamente inibir a propagação de fake news. “Alguns outros atores sociais afetados por fake news podem se inspirar neste artigo para entender melhor o processo de disseminação de boatos online e adotar múltiplas perspectivas para coibi-lo ou controlá-lo”, completou o cientista.