China protesta na ONU contra satélites de Elon Musk
Equipamentos da Starlink Internet Services, divisão da SpaceX, quase colidiram com estação espacial chinesa
O bilionário sul-africano naturalizado americano Elon Musk se envolveu em mais uma confusão, agora com a China. Pequim enviou um protesto formal ao Escritório das Nações Unidas para Assuntos Espaciais contra os satélites da Starlink Internet Services, uma divisão da SpaceX, fundada por Musk. O governo chinês informou que precisou fazer manobras na Estação Espacial de Tiangong para evitar colisões com os equipamentos da Starlink.
Segundo a nota enviada à ONU, os incidentes ocorreram nos dias 1º de julho e 21 de outubro. “Os satélites estão colocando em risco a vida e a saúde dos astronautas que estão a bordo da Estação Espacial Chinesa”, diz o documento.
Em entrevista coletiva nesta terça-feira, 28, Zhao Lijian, um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores da China, afirmou que os “Estados Unidos estão ignorando as suas obrigações em relação aos tratados internacionais, colocando os astronautas em sérios riscos”.
Cientistas chineses expressaram preocupação sobre os riscos de colisões no espaço e pediram aos governos mundiais que compartilhassem informações sobre os cerca de 30.000 satélites e outros detritos espaciais que orbitam a Terra.
O Starlink é um projeto da SpaceX para fornecer internet em todo o mundo e já tem uma constelação de mais de 1.900 satélites. Em novembro, durante encontro com Fábio Faria, o ministro das Comunicações do Brasil, Musk prometeu desenvolver um projeto de acesso a internet na Amazônia. A VEJA, Faria garantiu que a empreitada não representa uma ameaça à soberania nacional.
Apesar de a SpaceX ser uma empresa privada, avaliada em cerca de 100 bilhões de dólares (a empresa tem capital fechado), a China ressaltou que nações onde essas empresas têm sede também podem ser responsabilizadas. O caso acirra a rixa entre chineses e americanos, que há anos travam disputas diplomáticas e especialmente nos ramos de comércio e tecnologia.
A Starlink e seu fundador ainda não se pronunciaram sobre a denúncia chinesa. Musk, de 50 anos, foi eleito a personalidade do ano de 2021 pela revista Time e tem fortuna avaliada em 285 bilhões de dólares. Ele também é CEO da Tesla, empresa que desenvolve carros elétricos e baterias.