Você não precisa de um sabonete agressivo para matar vírus, diz estudo
Estudo fornece informações sobre o papel desses produtos na prevenção da transmissão de infecções virais
Um estudo conduzido por especialistas da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, estabeleceu que produtos de limpeza e sabonetes suaves não são apenas eficazes na limpeza da pele, mas também para a eliminação de vírus, incluindo o que causa a Covid-19. As descobertas desafiam o ceticismo em torno da eficácia desses produtos e fornecem evidências valiosas que apoiam suas propriedades antivirais.
“Os limpadores suaves são tão eficazes em destruir a capa de lipídeos de vírus, como o coronavírus, quanto sabonetes agressivos”, destaca a farmacêutica Maria Eugênia Ayres, gerente técnica da Biotec Dermocosméticos. “O uso de sabonetes mais abrasivos está ligado a um maior ressecamento da pele, então a substituição pelos limpadores suaves ajuda a tratar ou prevenir a dermatite de contato – uma doença de pele comum que causa vermelhidão e inchaço na pele com uma superfície seca e danificada-.”
Para tal conclusão, a equipe de pesquisa investigou a eficácia antiviral de vários produtos, incluindo sabonete antibacteriano, sabonete natural, espuma de limpeza e produtos de banho. Os resultados, publicados na revista Frontiers in Virology, revelaram que os limpadores suaves exibiram eficácia significativa na eliminação de vírus envelopados – como o do HIV, da herpes, da dengue e influenza –, enquanto os vírus não envelopados – HPV e hepatite A e E, por exemplo – mostraram resistência a todos os tipos de produtos, independentemente se eram suaves ou agressivos.
Até este trabalho, existiam evidências limitadas sobre a eficácia antiviral de produtos de limpeza e sabonetes suaves contra diferentes tipos de vírus. As descobertas abordam essa lacuna de conhecimento e fornecem informações valiosas sobre o papel desses produtos na prevenção da transmissão de infecções virais.
Segundo a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a pele possui uma cobertura como uma “película lubrificante” na sua superfície. “Esse manto lipídico tem função de proteção e de preservar a hidratação e a saúde da pele. A lavagem excessiva das mãos pode acabar ‘destruindo’ essa camada lipídica protetora e o resultado será uma pele mais ressecada. E a pele seca coça. Essa coceira pode acarretar irritações, eczemas (pele vermelha e mais grossa) e dermatites de contato (alergias na pele devido contato com algum agente desencadeante)”, acrescenta.
Para evitar esses efeitos adversos, os especialistas recomendam o uso de limpadores que contenham ativos como CleanSoap DH. Esta base concentrada dermocosmética aniônica para sabonetes líquidos e mousses de limpeza oferece uma formulação suave e hipoalergênica com pH balanceado. Sua composição é isenta de solventes e biodegradáveis, garantindo compatibilidade com a pele e mucosas.
A importância do estudo se estende aos profissionais de saúde que lavam as mãos com frequência, às vezes até 100 vezes durante um turno de 12 horas e aos efeitos adversos não intencionais decorrentes. Além disso, o estudo constatou que a incorporação de agentes adicionais, como hidratantes, não prejudicou a atividade antiviral dos produtos. Portanto, o que vale é estar de mão lavada, não importa como.