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Vacina pode ser nova arma contra colesterol

A imunoterapia pode ser uma alternativa mais efetiva e duradoura que as estatinas no combate às doenças cardíacas

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 20h57 - Publicado em 20 jun 2017, 18h03

Após pesquisas mostrarem que o próprio sistema imunológico pode reduzir o nível de colesterol,  cientistas desenvolveram uma injeção que tem o potencial de prevenir ataques cardíacos. De acordo com um estudo publicado no periódico científico European Heart Journal, uma vacina, que ainda não foi testada em humanos, foi capaz de reduzir em 53% o colesterol de ratos. O enrijecimento das artérias, causado por acúmulo de gordura, também foi reduzido em 64% e os marcadores biológicos de inflamação nos vasos sanguíneos, em 58%.

A vacina

Segundo os autores, os resultados abrem espaço para a possibilidade de uma vacina anual capaz de manter os níveis de colesterol sob controle em pacientes de risco. A fórmula, conhecida como AT04A, funciona como um gatilho para a produção de anticorpos, que tem como alvo a enzima PCSK9, reguladora dos níveis de colesterol no sangue e que já mostrou impedir a depuração do colesterol LDL, o colesterol considerado ruim. Em tese, a vacina seria uma medida mais efetiva e confiável que as estatinas, medicamento que reduz riscos de infarto, derrame e insuficiência cardíaca.

Imunoterapia

Ao contrário de uma vacina convencional, que visa conferir imunidade contra invasores estrangeiros como bactérias e vírus, o AT04A é um tratamento de imunoterapia, ou seja, organiza o sistema imunológico para combater uma das próprias proteínas do corpo.

A PCSK9 é produzida no fígado e bloqueia as moléculas do receptor de LDL das células, que eliminam do corpo o colesterol ruim. A vacina em desenvolvimento faz com que o corpo produza anticorpos que inibam essa enzima, de modo que os receptores de LDL permaneçam ativos.

“O AT04A foi capaz de induzir anticorpos que visavam especificamente a enzima PCSK9 ao longo do período de estudo na circulação sanguínea dos camundongos tratados. Como consequência, níveis de colesterol foram reduzidos de forma consistente e duradoura, resultando em uma redução dos depósitos de gordura e inflamação nas artérias.”, disse Gunther Staffler, pesquisador e chefe de tecnologia da empresa austríaca AFFiRis, que desenvolveu a vacina.

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“Se esses resultados se mostrarem em seres humanos, isso pode significar que, à medida que os anticorpos induzidos persistirem meses após a vacinação, podemos desenvolver uma terapia que, após a primeira dose, necessite apenas de um reforço anual. Isso resultaria em um tratamento eficaz e mais conveniente para os pacientes, bem como de maior adesão.”

Testes em humanos

Os testes para ver se a abordagem também funcionará em seres humanos já começaram. Em 2015, foi iniciado o estudo fase I, que buscou verificar a segurança e ação da vacina em 72 pacientes saudáveis na Universidade Médica de Viena, na Áustria. A pesquisa está programada para terminar no final deste ano.

No entanto, antes de a vacina ser licenciada e administrada, outros testes focados na efetividade do produto precisam ser realizados. “Se efeitos similares forem percebidos em humanos, poderemos perceber uma redução na taxa de ataques cardíacos”, disse Tim Chico, professor de medicina cardiovascular na Universidade de Sheffield, no Reino Unido.

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Redução de medicamentos

Chico ressalta que apesar do estudo ter sido bem conduzido, ainda é muito precoce e não é possível ter certeza que a abordagem funcionará em pessoas. Mas, reforça que “a teoria da vacina é sólida e acho que pode ter o potencial de substituir a necessidade de tomar medicamentos que reduzam o colesterol.”

Para o especialista, “esta é mais uma das provas de que o colesterol causa doenças cardíacas e a redução do colesterol reduz os riscos. Isso confirma a importância de adotar um estilo de vida saudável e, para os pacientes de risco, utilizar medicamentos, como as estatinas.”

Possíveis efeitos colaterais

Segundo especialistas, um possível efeito colateral associado ao bloqueio da enzima PCSK9 na redução do colesterol é o aumento do risco de diabetes.

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