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Um terço de bebês de grávidas infectadas por zika teve síndrome congênita

Pesquisa da Fiocruz mostrou ainda que uma a cada 25 crianças nascidas de mães infectadas pelo vírus durante a gestação apresentou microcefalia no nascimento

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 nov 2022, 20h25

Um novo estudo comandado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e que envolveu 25 instituições brasileiras mostrou que um terço dos bebês de gestantes infectadas pelo vírus zika tiveram algum tipo de repercussão na saúde, como alterações auditivas, deficiências neurológicas funcionais ou microcefalia, nos primeiros anos de vida. As condições são ligadas à Síndrome da Zika Congênita (SZC) e os achados foram publicados no periódico The Lancet Regional Health – Americas.

O zika foi associado à epidemia de microcefalia – condição neurológica que faz com que a cabeça do bebê seja menor do que o esperado – ocorrida no Brasil em 2015. Este foi o ponto de partida para o estudo, que buscou compreender a relação entre as infecções na gestação e os distúrbios congênitos e teve como base 13 estudos realizados entre 2015 e 2017 com casos confirmados por testes genéticos de infecção pré-natal. Foram analisados dados dos filhos de 1.548 gestantes.

“Esse trabalho dá uma contribuição fundamental para a compreensão das consequências para a saúde da infecção pelo vírus zika durante a gravidez. Saliente-se ainda que, além da contribuição em termos de conhecimento, esse estudo traduz a competência dos pesquisadores brasileiros e das instituições públicas para responder aos desafios científicos”, disse, em nota, o pesquisador Ricardo Arraes de Alencar Ximenes, da Universidade de Pernambuco e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que liderou o estudo.

A pesquisa mostrou ainda que uma a cada 25 crianças nascidas de mães infectadas pelo vírus durante a gravidez apresentou microcefalia no nascimento ou durante o acompanhamento. Segundo os pesquisadores, na maioria dos casos, foi possível detectar o quadro perto do parto, mas algumas crianças desenvolveram a alteração no perímetro cefálico nos anos seguintes. O risco de bebês de gestantes que tiveram zika apresentarem a condição no nascimento ou na primeira avaliação foi de 2,6%, mas o índice aumentou para 4% nos primeiros anos pré-escolares.

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O próximo passo do grupo é avaliar o desenvolvimento das crianças e investigar os riscos de hospitalização e morte daquelas que tiveram microcefalia. Entre as que não tiveram, o foco será em observar complicações no desenvolvimento comportamental ou neuropsicomotor.

“Atualmente, estamos fazendo a busca ativa das crianças expostas para analisar sua situação no quinto ano de vida”, disse a pesquisadora Flor Ernestina Martinez-Espinosa, da Fiocruz Amazônia, é co-autora sênior do estudo.

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