SUS passa a oferecer vacina e remédio contra vírus da bronquiolite
Após recomendação do Conitec, portaria oficializando a incorporação deve ser publicada nos próximos dias

O Ministério da Saúde anunciou na noite desta segunda-feira 17 que vai incorporar duas novas estratégias para prevenir o vírus sincicial respiratório (VSR), responsável pela maioria dos casos de bronquiolite pediátrica. A decisão vem após recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).
A partir dessa decisão, que deve ser oficializada nos próximos dias com a publicação de uma portaria no Diário Oficial, o SUS passa a disponibilizar o anticorpo monoclonal nirsevimabe, indicado para proteger bebês prematuros e crianças de até 2 anos nascidas com comorbidades, e a vacina recombinante contra os vírus sinciciais respiratórios A e B, dada em gestantes para proteger os bebês nos primeiros meses de vida. “É um marco da nossa política de imunização e no cuidado de gestantes e bebês”, destaca a ministra da saúde, Nísia Trindade.
A vacina contra o VSR foi aprovada no Brasil em abril de 2024 e deve ser aplicada entre a 24ª e a 36ª semanas de gestação, garantindo 81,8% de eficácia até o terceiro mês de vida do bebê e 69,4% até o sexto mês. Já o nirsevimabe, incorporado no início de fevereiro pelos planos de saúde, é indicado especialmente para prematuros e fornece proteção contra o vírus por cerca de cinco meses.
A novidade foi bem recebida pelos profissionais. “Essa é uma grande conquista para o SUS porque as crianças brasileiras terão proteção contra o VSR, seja pela vacinação materna, seja pelo uso do anticorpo em prematuros”, explicou Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). “Esse vírus é a principal causa de internação em crianças abaixo de 1 ano, sendo uma importante causa de óbitos entre lactentes. Há motivo para celebração.”
O que é o VSR?
O VSR é um dos principais causadores de síndromes respiratórias na infância. Estima-se que, até os 2 anos de idade, a quase totalidade das crianças serão atingidas por esse patógeno, responsável por mais de 60% das bronquiolites e por cerca de 40% das pneumonias pediátricas.
Há ainda um impacto a longo prazo, já que após a infecção, algumas crianças desenvolvem asma ou podem passar de semanas a meses com episódios de chiado e broncoespasmo, que podem retornar sempre que houver uma nova infecção.
“Espera-se que com a vacinação das gestantes vá haver uma grande redução do impacto desse vírus na saúde das crianças brasileiras, com um menor número de consultas em emergência, internações, necessidade de UTI, intubações e de mortes”, diz Levi. “É importante ressaltar ainda o impacto socioeconômico, já que as mães precisam se afastar do trabalho e das suas atividades para cuidar da criança nos momentos de doenças.”