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Suplementos de colágeno: benefícios garantidos ou dinheiro jogado fora?

Embora sejam indicados para pele, articulações e companhia, faltam estudos robustos e sobram propagandas que colocam cápsulas, pós e gomas como panaceia

Por Ingrid Luisa
17 fev 2025, 18h00

Rugas e marcas da idade na pele, desgastes nas articulações, queda de imunidade e até insônia. Só cresce a lista de problemas que os suplementos de colágeno pretendem combater. Mas será que já existem provas desses supostos benefícios?

Antes de responder à pergunta, cabe esclarecer quem é o tal do colágeno. Trata-se de uma proteína fabricada naturalmente pelo corpo e responsável por conferir coesão, resistência e elasticidade a praticamente todos os nossos tecidos – da pele às cartilagens, passando por ossos, músculos e olhos.

A partir dos 30 anos de idade, sabe-se que o organismo diminui o ritmo de produção de colágeno, um processo que pode ser acelerado por situações como a menopausa e certas doenças. A ideia dos suplementos seria justamente suprir a demanda dessa proteína a fim de resguardar a aparência e a qualidade de vida.

A teoria é perfeita, mas, na prática, a reposição da proteína não se reverte necessariamente nas vantagens difundidas, como se fossem pecinhas substituindo o que anda faltando. Mesmo assim, a propaganda na internet é gigantesca, espalhando benesses pouco (ou nem) respaldadas pela ciência.

Demanda para o colágeno e suas promessas existe, de fato. Estima-se que o número de lançamentos de produtos com a proteína tenha saltado quase 60% no mundo e projeta-se que esse mercado – que inclui de cápsulas a balinhas de goma – será avaliado em 8 bilhões de dólares até 2028.

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Suplementos de colágeno funcionam?

O grande desafio para o colágeno externo funcionar é que ele não é imune ao processo de digestão. Isso significa que, depois de ingerir a proteína, ela será quebrada em pedacinhos menores, os peptídeos, depois fracionados em aminoácidos. Quando essas pecinhas ficam disponíveis para o corpo, não necessariamente serão enviadas à pele ou às juntas. O organismo, esperto, as direciona às regiões com maior necessidade e, nesse trânsito, os aminoácidos nem sempre serão convertidos em proteínas de colágeno.

Existem, sim, pesquisas atestando benefícios à pele e à articulação, por exemplo. No entanto, não são estudos robustos e consolidados, e muitos são financiados pela indústria do colágeno. Desse modo, é prudente calibrar as expectativas em torno do consumo.

Faz bem para a pele?

O colágeno naturalmente sintetizado e disponível pelo corpo realmente é essencial para dar sustentação à pele. Os suplementos, principalmente de colágeno hidrolisado, até podem prestar uma contribuição ao estoque (e indiretamente), mas faz mais sentido tomar medidas que preservem o colágeno do próprio organismo.

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Isso significa não só adotar um estilo de vida saudável – incluindo não fumar e evitar o álcool -, mas conversar com o dermatologista sobre procedimentos e técnicas para a criação de uma poupança de colágeno, que podem (ou não) ser prescritas em paralelo à suplementação. Sozinha, dificilmente a reposição blindará a pele de rugas e marcas da idade – ao menos à luz das evidências científicas.

Protege as articulações?

Não há um consenso, porque carecemos de pesquisas controladas testando os efeitos do colágeno contra o desgaste das juntas. Embora sejam receitados para essa finalidade e haja relatos de melhora de dor e rigidez, não há uma massa de estudos suficiente para cravar essas indicações.

Inclusive, cuidado com quem receita colágeno como a solução para artrose e mesmo doenças autoimunes que atacam as juntas. Isolada, essa medida não surtirá efeito algum e postergará o diagnóstico e o tratamento validado pelos médicos.

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Melhora a imunidade e amplia a longevidade?

Não procede. Alegações desse tipo, que colocam o colágeno como um defensor dos órgãos e da vida longa, não dispõem de provas científicas e, quando muito, exageram indicações baseadas em experimentos de laboratório.

Quem deseja apostar em medidas para assegurar o sistema imune em alta e estender os anos pela frente deve investir em hábitos equilibrados, cuidados com o sono e o bem-estar mental, check-ups médicos e uso de vacinas. 

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