É comum ter vontade de fazer um lanchinho à noite, mas o mantra de “comer tarde faz mal” impede o impulso. De fato, ingerir boa quantidade de alimentos quando o corpo se prepara para descansar não é uma boa coisa a se fazer, e um novo estudo realizado pela Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, ajuda a entender a razão.
Os cientistas descobriram que o período da ingesta afeta significativamente o gasto de energia, apetite e o metabolismo do tecido adiposo.
“Nesse estudo, perguntamos: ‘A hora em que comemos importa quando todo o resto é mantido de maneira consistente?”, explicou Nina Vujović, autora e pesquisadora no Programa de Medicina Criobiologia de Brigham. “E descobrimos que, quando se come mais tarde, há uma diferença significativa nos níveis de fome, na maneira como queimamos calorias depois de comer e na maneira como armazenamos gordura.”
Vujović e sua equipe estudaram 16 pacientes com índice de massa corporal (IMC) na faixa de sobrepeso ou obesidade. Antes do acompanhamento, cada participante seguiu um dos dois protocolos: seguir um horário agendado para as primeiras refeições ou marcá-las para quatro horas mais tarde.
No laboratório, os cientistas documentaram regularmente o nível de fome e apetite dos participantes, retiraram pequenas amostras frequentes de sangue ao longo do dia e mediram a temperatura corporal e o gasto de energia.
Os resultados revelaram que comer mais tarde teve efeitos profundos na fome e nos hormônios reguladores do apetite leptina e grelina, que influenciam nosso desejo de comer. Quando os participantes comeram mais tarde, eles também queimaram calorias em um ritmo mais lento.
A pesquisadora explica que essas descobertas não são apenas consistentes com um grande corpo de pesquisas sugerindo que comer mais tarde pode aumentar a probabilidade de desenvolver obesidade, mas também lançam uma nova luz sobre como isso pode ocorrer.
Usando um estudo cruzado randomizado e controlando rigidamente fatores comportamentais e ambientais, como atividade física, postura, sono e exposição à luz, os pesquisadores foram capazes de detectar mudanças nos diferentes sistemas de controle envolvidos no balanço energético, um marcador de como nossos corpos usam os alimentos que consumimos.