Pesquisadores da USP criam pastilha contra gengivite e periodontite
Produto auxiliará no tratamento convencional de doenças como a gengivite, periodontite e inflamações bucais
Pesquisadores da Universidade de São Paulo desenvolveram uma pastilha probiótica que promove uma mudança nos microrganismos presentes na região bucal e aumenta a resistência das mucosas orais.
O novo produto, que deverá ser licenciado para a indústria, auxiliará no tratamento convencional de doenças como a gengivite, periodontite e inflamações bucais que, sem o tratamento adequado, podem destruir os tecidos que protegem os dentes, como a gengiva, e os ossos que os sustentam.
A pastilha foi desenvolvida a partir de probióticos – microrganismos vivos, geralmente sendo bactérias- , que, quando consumidos em uma quantidade adequada, trazem benefícios à saúde. Neste caso, a cepa probiótica utilizada para o desenvolvimento da pastilha foi a Bifidobacterium animalis subsp. lactis HN019.
A partir da análise com tecnologias de última geração, inclusive com sequenciamento de DNA, os resultados obtidos demonstraram que a pastilha foi capaz de reduzir a necessidade de cirurgias periodontais, além de pacientes que usaram a pastilha probiótica, junto com o tratamento convencional de gengivite e periodontite, apresentaram benefícios adicionais.
“No caso da gengivite, os participantes apresentaram menos inflamação, mudanças em alguns mediadores inflamatórios e na composição do biofilme, nome dado à comunidade de bactérias que colonizam o elemento dental”, ressalta Flávia Furlaneto, professora da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da USP (Forp).
A pesquisadora informa que o produto apresenta uma ação local na cavidade bucal e também uma ação sistêmica ao chegar ao sistema gastrointestinal. “A pastilha é como um drops, uma pastilha mesmo, o paciente coloca na região sublingual e ela vai lentamente sendo dissolvida e deglutida”, diz Furlaneto.
Nos casos de periodontite, foi possível observar o aumento em alguns marcadores ligados à imunidade inata e adaptativa do paciente. “É como se a gengiva ficasse mais imunocompetente, mais resistente a futuras infecções e inflamações”, explica Michel Reis Messora, professor na Forp que também atuou no desenvolvimento da pastilha, ao lado de Furlaneto e Sergio Luiz Salvador, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, campus de Ribeirão Preto, e Rita Paula Ignácio, graduada na mesma instituição.
Atualmente, a pastilha está com pedido de patente em andamento pela Agência USP de Inovação. Entretanto, Furlaneto adianta que a pastilha não substitui o tratamento padrão. “Criamos um produto para oferecer melhoras mais significativas ao tratamento”, explica.