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Ozempic tem onda de falsificações e até versão em chá; veja riscos

Farmacêutica diz que não fornece a molécula, da qual é detentora da patente, e alerta que produtos irregulares não oferecem segurança e eficácia

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 12h36 - Publicado em 6 mar 2024, 17h30

O sucesso do Ozempic e demais medicamentos com o princípio ativo semaglutida tem causado um movimento crescente de falsificação do fármaco e de oferta de versões que se apropriam do nome comercial da droga para se apresentar como uma opção de tratamento eficaz para o emagrecimento. Nesse mercado, principalmente no meio virtual, são vendidas cápsulas de “Ozempic natural” e até “chá Ozempic” a preços que variam de R$ 19,90 a R$ 198,90. Em nota, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk diz que não fornece a molécula, da qual é detentora da patente, e alerta que produtos irregulares não oferecem segurança e eficácia.

Desde o ano passado, Áustria, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos e Brasil tiveram episódios de falsificação do medicamento, que virou uma febre entre celebridades e influencers pelo potencial de levar à redução do peso. Erroneamente chamado de “caneta emagrecedora”, o remédio age no eixo cérebro-intestino, regulando a saciedade e o apetite. A semaglutida é indicada para diabetes tipo 2 e obesidade (para esta condição, por meio do Wegovy, que ainda não está disponível no Brasil).

Nas opções “naturais” vendidas na internet em farmácias de manipulação, “sensação de saciedade”, “diminuição do peso corporal”, “redução da vontade de comer doce” e “aumento do hormônio GLP-1” são os benefícios encabeçam os anúncios. Na formulação, há basicamente fitoterápicos

“A Novo Nordisk desconhece a origem das matérias-primas e a forma de fabricação desses produtos. Ademais, a companhia é detentora da patente do princípio ativo semaglutida, de forma exclusiva, até pelo menos o ano de 2026.  Assim, não fornecemos ou autorizamos o fornecimento de semaglutida a nenhuma farmácia de manipulação ou outra fabricante”, informou, em nota, a farmacêutica.

Disse ainda que o princípio ativo “não foi desenvolvido, em nenhum lugar do mundo, para uso em cápsulas orais, pellets absorvíveis, fitas ou chip, conforme tem sido divulgado”.

O problema das versões irregulares do remédio é que elas podem ser prejudiciais à saúde. “Os riscos de usar medicamentos falsificados, de origem duvidosa ou em formulações não validadas pela ciência, são imprevisíveis. Podem ir desde falta do efeito esperado até reações adversas não previstas e potencialmente graves e irreversíveis, diz Paulo Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). “Qualquer outra forma de uso não tem a segurança nem a mesma eficácia do remédio. Então, todo cuidado na oferta de medicações de origem obscura deve ser tido, porque a economia financeira pode gerar um grande prejuízo à saúde”, completa.

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OMS fez alerta sobre falsificações

No mês passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um comunicado sobre os riscos de aquisição das versões adulteradas dos medicamentos com o princípio ativo semaglutida.

“Sabe-se que os produtos médicos falsificados não têm eficácia e/ou causam reações tóxicas. Não são aprovados nem controlados pelas autoridades competentes e podem ter sido produzidos em condições pouco higiênicas por pessoal não qualificado, conter impurezas desconhecidas e podem estar contaminados com bactérias”, informou, em nota.

Ozempic falso no Brasil e em outros países

No fim do ano passado, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora americana, emitiu comunicado sobre o recolhimento de milhares de unidades falsas do remédio da farmacêutica Novo Nordisk. O órgão constatou que até as agulhas tinham sido adulteradas, algo que compromete ainda mais a segurança das canetas de semaglutida.

“Isso apresenta um risco aumentado de infecção em pacientes que fizerem uso dos produtos falsificados”, disse a agência.

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Na ocasião, a FDA relatou que cinco episódios de eventos adversos relacionados com o lote falsificado foram identificados e que os pacientes apresentaram enjoos, vômito, diarreia, prisão de ventre e dores abdominais. Não houve relato de casos graves e os sintomas são semelhantes aos efeitos colaterais da medicação verdadeira.

Em outubro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi notificada pela Novo Nordisk sobre a circulação no Brasil de um lote falsificado do Ozempic. Em resolução publicada no Diário Oficial da União (DOU), a agência divulgou que a farmacêutica informou que não reconhecia o lote LP6F832 como original, o que configura a falsificação. Casos de produtos irregulares já foram relatados no Reino Unido e países da Europa.

Segundo a Anvisa, outro episódio tinha sido notificado no mês de junho, com o lote MP5C960, também informado pela farmacêutica. Em ambos os casos, a agência determinou a suspensão de comercialização do produto.

“Até o momento não foram detectados casos de novos lotes falsificados em 2024, somente os previamente reportados”, informou a Novo Nordisk.

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Popularizado por celebridades, que divulgaram erroneamente o medicamento como emagrecedor, lotes falsos do Ozempic foram encontrados na Europa. Também em outubro de 2023, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) emitiu alerta sobre a existência de versões adulteradas das canetas de semaglutida 1 mg com rótulos em alemão e provenientes da Áustria e da Alemanha.

Na Áustria, o produto irregular causou graves problemas para os pacientes. A autoridade sanitária austríaca informou que recebeu relatos de pessoas que foram hospitalizadas por terem apresentado convulsão e hipoglicemia após o uso. “É uma indicação de que o produto continha falsamente insulina em vez do ingrediente ativo semaglutida.”

 

arte Ozempic

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